A Associação de Operadores do Porto de Lisboa (AOPL) admitiu esta terça-feira que o despedimento colectivo de estivadores pode ser evitado se os trabalhadores e o sindicato chegarem a acordo ainda durante esta semana.
"Os despedimentos são sempre o último recurso e, por isso, aguentámos todos estes prejuízos. Só que agora não estamos a ver o fim desta situação. Não aguentamos até 16 de Junho a pagar salários, a ter encargos. Agora se houvesse vontade por parte dos trabalhadores e do sindicato de chegarem a acordo ainda esta semana, poderíamos evitar os despedimentos", disse à agência Lusa o presidente da AOPL, que também lidera a concessionária Liscont.
Morais Rocha adiantou que os prejuízos "são muito elevados", lembrando que há três anos eram movimentados cerca de 28 mil contentores por mês e que actualmente estão limitados aos serviços mínimos e para as ilhas.
"A situação é muito complicada. O sindicato quer o monopólio de todo o trabalho da área portuária e nos outros portos não é assim. É uma exigência à qual não podemos ceder, porque as empresas têm de ter liberdade de gestão", vincou.
No entender de Morais Rocha, a gestão das operações tem de ser feita pelas empresas e não pelo sindicato.
Quanto à presença da polícia esta terça-feira de manhã no Porto de Lisboa, o presidente da AOPL disse que o que fez foi avisar o comandante do Porto e o oficial de segurança da Administração do Porto de que iriam começar a tirar contentores com os trabalhadores da Porlis, não filiados no sindicato.
"Já não é a primeira vez que este sindicato tenta impedir outros trabalhadores de exercer a sua actividade. Se há direito à greve também há direito ao trabalho", disse, salientando que é o comandante do porto e o oficial que determinam a segurança que devem colocar.
Os operadores do Porto de Lisboa vão avançar com um despedimento colectivo por redução da actividade, depois do Sindicato dos Estivadores ter recusado, na sexta-feira, uma nova proposta para um novo contrato colectivo de trabalho.
Em declarações à Lusa, Morais Rocha explicou que os operadores do Porto de Lisboa avançaram hoje com os trâmites para um despedimento colectivo, que é fácil de fundamentar, tendo em conta que "o Porto de Lisboa está completamente parado".
O responsável da Liscont recusou adiantar quantos dos 320 estivadores serão abrangidos pelo despedimento colectivo, adiantando que a análise terá que ser feita "secção a secção".
A decisão do recurso ao despedimento colectivo foi tomada depois de, na sexta-feira passada, o Sindicato dos Estivadores, em greve desde 20 de Abril, ter recusado a proposta de acordo de paz social e para a celebração de um novo contrato colectivo de trabalho para o trabalho portuário no porto de Lisboa.
O presidente do Sindicato dos Estivadores classificou esta terça-feira de "terrorismo psicológico" e "atentado ao Estado de direito" o anúncio de um despedimento colectivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar retirada de contentores retidos.
Contudo, António Mariano disse que os trabalhadores estão dispostos a chegar a um entendimento, caso a empresa criada paralelamente for encerrada e se forem resolvidas duas situações do contrato colectivo de trabalho.