Esta terça-feira, , um pouco por todo mundo, estão a ser organizadas manifestações em frente a embaixadas e consulados do Egipto para que seja aberta a fronteira de Rafah no sul da Faixa de Gaza.
Quem as está a organizar?
São Organizações não-governamentais (ONGs) que apoiam os palestinianos. Pedem ao Egipto para que abra a fronteira para que os cerca de dois milhões de palestinianos que residem na Faixa de Gaza possam sair do território e fugir dos bombardeamentos israelitas.
Uma forma de tornar mais rápido e eficaz o apoio humanitário às populações.
Por que razão a fronteira da Faixa de Gaza com o Egipto é tão importante?
É a única parte do território da Faixa de Gaza que não faz fronteira com Israel. Ou seja, todo o território está cercado por forças israelitas excepto a fronteira a sul, sendo que Rafah é a principal passagem.
É sobretudo por ali que passam os camiões com ajuda humanitária, com combustível, e também apoio médico.
Em tempo de paz, é também a única fronteira por onde é possível desenvolver comércio e por onde alguns palestinianos podem sair do território.
Qual é a situação nessa fronteira desde o dia 7 de outubro, dia dos ataques do Hamas?
Também ficou muito reduzida a possibilidade de circular, de desenvolver comércio e de entrar apoio humanitário. Porquê? Porque o Egipto diz que a passagem ficou inoperacional por causa dos bombardeamentos israelitas. É a justificação avançada para a reduzida atividade naquela fronteira essencial.
Mas há consequências graves. Por exemplo, antes de sete de outubro passavam diariamente 500 camiões com alimentos, com todos os produtos essenciais à população.
Desde a guerra, passaram, no total, cerca de 300 camiões - situação que o Egipto diz ser consequência dos bombardeamentos de Israel.
Mas será mesmo a única razão pela qual o Egipto não permite a saída em massa de palestinianos?
É uma boa pergunta, até porque o Egipto é um país árabe, e o mundo árabe contesta a ofensiva israelita em Gaza.
A verdade é que, como já explicamos aqui, quem controla a Faixa de gaza é o Hamas, um grupo radical islamista que tem origens na Irmandade Muçulmana, outro grupo radical no Egipto.
Ou seja, as autoridades egípcias têm receio de um movimento de coligação entre as duas forças radicais e que pode ser potenciado pela saída em massa de palestinianos de Gaza. Aliás, o próprio Egipto ajudou a criar um bloqueio á Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder no território, em 2007.
Ou seja, também o Egipto, um país árabe, privilegia as questões de segurança e coloca-a à frente da ajuda à população palestiniana.