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Freitas do Amaral reclama coerência na postura e afirma que foram os partidos à sua direita que se afastaram do pensamento original. Recorda o pensamento que esteve na fundação do CDS e ressalva que o PSD ainda não o desculpou.
Disse que a evolução do seu pensamento político o colocou mais próximo do PS. Continua a manter-se nessa posição?
Não fui eu que mudei tanto assim. Eu sempre fui um centrista aberto por igual ao centro-direita e ao centro-esquerda. Agora, quando o PSD e o CDS viram claramente à direita e ficam muito à minha direita, mesmo que não mude de sítio eu fico mais perto do PS.
O que quero recordar é que desde de 19 de Julho de 1974, data em que o CDS abriu as suas portas à comunicação social para uma conferência de imprensa dada por mim e pelo Engº Amaro da Costa, eu disse “somos um partido do centro, aberto por igual a alianças com o centro-direita e com o centro-esquerda”. Isto foi dito no Verão de 1974.
Na altura também não poderia ter dito outra coisa…
Podia! Podia perfeitamente ter dito que somos um partido de centro-direita aberto a coligações com o PSD. Podia perfeitamente ter dito isso, era legítimo. Tinha passado, não seríamos sancionados por isso. Eu penso mesmo que era isso que o MFA e o Conselho da Revolução estavam à espera que eu dissesse. Mas não era essa a minha posição, nem do eng.º Amaro da Costa nem do dr. Basílio Horta nem da maioria dos fundadores do CDS.
É por isso que muitos deles, os que estão ainda na vida activa, colaboram muito com o Partido Socialista?
Houve muitos que passaram ou para o PS ou a colaborar com o PS. Não nem um, nem dois nem três, houve vários. Houve outros que se aproximaram mais do PSD. Houve outros que continuaram ligados ao CDS. Acho que isso não é motivo para condenar ninguém. As pessoas são livres. Nós estamos num país livre, num regime democrático.
Mas já não sente um ambiente de crispação em relação a si e relativamente ao CDS. Ou sente?
Não. Do CDS em relação a mim não sinto, mas do PSD sinto. O PSD nunca me desculpou duas coisas: a primeira foi ter criado o CDS, porque eles achavam que iam ter o monopólio de toda a direita portuguesa, embora afirmando-se, nessa altura, um partido de centro-esquerda. Em segundo lugar, também nunca perdoaram a minha ida para o Governo do eng. Sócrates.