PGR passou imagem de que "não tem responsabilidade em nada"
13-07-2024 - 09:33

Nuno Botelho considera “questionável” o timing da entrevista dada esta semana pela Procuradora-Geral da República, uma vez que, "há muito que já deveria ter dado estes esclarecimentos". Para Botelho, esse timing "mostra, também, um certo desrespeito para com outro órgão de soberania: o Parlamento".

O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, considera que “os esclarecimentos dados pela Procuradora-Geral da República”, esta semana, numa entrevista à RTP, sugerem uma "desresponsabilização de tudo e mais alguma coisa”, ou seja, sugerem que Lucília Gago "não tem responsabilidade por nada do que se passou no Ministério Público nos últimos anos”.

No seu espaço semanal de comentário na Renascença, Nuno Botelho diz que as palavras de Lucilia Gago são de desresponsabilização “até numa atitude para com a própria equipa do Ministério Público”. Trata-se de uma atitude “que o próprio Ministério Público não merece”.

Botelho admite alinhar no rol de críticas que foram feitas, apesar de sublinhar que “em causa não está a seriedade e a tentativa de correção institucional da Procuradora-Geral da República”.

“No entanto, é manifesta a sua inabilidade para esta situação”, completa.

"Ao fim de seis anos de silêncio, resolve vir defender a sua honra ou, de outra forma, salvar a face, a poucos meses do final de um mandato, que toda a gente já percebeu que não vai ser renovado”, enfatiza Nuno Botelho.

O empresário e jurista deixa, ainda, críticas ao timing “questionável” da entrevista, uma vez que, “há muito que já deveria ter dado estes esclarecimentos, quer sobre a queda do Governo da República, quer sobre a queda do Governo da Região Autónoma da Madeira”.

"Ainda por cima, uma pessoa que pura e simplesmente ainda não tinha falado. Se passasse a vida a falar, seria só mais uma entrevista. Mas sendo esta ‘A Entrevista’, acho que o timing é péssimo e mostra também um certo desrespeito para com outro órgão de soberania: o Parlamento”, onde irá, ainda, marcar presença para responder aos deputados.

Nuno Botelho lamenta, ainda, a forma como a Procuradora "desvalorizou ou se desresponsabilizou do célebre parágrafo que, no fundo, leva à demissão do do ex-Primeiro-Ministro". "Isso é não saber medir bem os riscos das suas decisões", conclui.

Norte da semana

Acordo com as forças de segurança: "Numa altura em que se fala tanto em segurança no país e depois de termos tido um acordo com os professores, com os funcionários judiciais e com os guardas prisionais, agora foi a vez de um acordo com os polícias. No fundo, em 100 dias, o Governo fecha um conjunto de acordos salariais importantes e difíceis. É um sinal importante, não só de respeito pelos compromissos assumidos, mas também de enorme capacidade negocial. Eu acho que é importante os cidadãos perceberem que o Governo quer continuar a contar com as forças de segurança, que acredita no Estado como pedra basilar para a segurança dos seus cidadãos."

Desnorte da semana

Resultado eleitoral em França e pressões sobre Biden nos EUA: "As eleições em França, por um lado, não confirmaram a maioria da direita radical, mas isso também não significa que o país tenha resolvido, no meu entender, os seus problemas políticos e económicos. Pelo contrário, mantem-se uma grande instabilidade governativa. Ainda não se sabe como e quem é que vai formar Governo. O peso que a extrema-esquerda, com a França Insubmissa, reclama para um futuro Executivo pode vir a ser um grande problema para a França. A Frente Insubmissa é uma espécie de novo Syriza, que promete aos franceses um mundo cor-de-rosa, sem austeridade, cobrando impostos sobre a riqueza e património. Isto num país como a França, com uma dívida que já ultrapassa os 110% e com um défice na casa dos 6%. Isto não augura nada de bom, portanto, é para termos muito cuidado. Por seu lado, também nos Estados Unidos prosseguem as pressões para Biden abdicar e o 'New York Times', por exemplo, tem vindo a apelar em termos muito duros ao Partido Democrata para que fale a verdade toda e para que leve Biden a desistir. Ora, isto também não são bons indícios, numa altura em que precisávamos, de facto, uma Europa unida e forte e de um país que ajudasse a nossa Europa, com duas guerras: uma dentro e outra à porta."