O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou esta terça-feira que o partido vai votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2018 porque o documento "não está orientado para o futuro" nem serve "o interesse coletivo".
"É um Orçamento do Estado que merece o nosso voto contra, não há nenhuma dúvida sobre isso, porque não serve do ponto de vista estratégico o interesse colectivo, não está orientado para o futuro", criticou o líder social-democrata, na sessão de encerramento das jornadas parlamentares do PSD.
Passos Coelho deixou um aviso aos partidos que apoiam o Governo de que, não é por o PSD atravessar um período de disputa de liderança interna, que poderão contar com o seu apoio, em caso de uma eventual quebra dentro da 'geringonça'.
"Tem sido comum ouvir algumas notas do PCP dando conta que agora votam a favor na generalidade, mas ameaçando que pode não ser assim no final se a negociação orçamental com o Governo não for aprovada no parlamento", salientou.
Passos Coelho aconselhou os parceiros da maioria (BE, PCP e PEV) a discutirem "muito bem entre si" as alterações ao Orçamento, dizendo que não é por o partido estar a preparar diretas e congressos que "poderão pôr o PSD na posição embaraçosa de suportar um orçamento".
"Até eu ceder o meu lugar àquele que vier a seguir a mim, não é o PSD que suporta este Governo nem os seus orçamentos errados", garantiu.
O líder do PSD anunciou ainda que o partido apresentará propostas de alteração ao documento que, tal como no ano passado, não serão numa lógica de "leilão orçamental", mas de "traçar caminhos de resposta aos problemas".
"O PSD irá apresentar propostas que apontem para a centralidade que as empresas representam na estratégia de recuperação económica do país", disse, considerando que é por esta via que o país pode "melhorar a qualidade do emprego e o nível do rendimento".
O PSD irá também, explicou, reapresentar medidas que propôs no ano passado e que foram rejeitadas e tentar "corrigir erros clamorosos" que considera estarem contidos nesta proposta orçamental.
Na sua intervenção nas jornadas parlamentares do PSD, Passos Coelho carregou nas críticas à chamada 'geringonça', que considera ser "tão má" como pensava em 2015.
"Quando disse que era uma solução esgotada nunca quis dizer que ela não podia sobreviver ao tempo, a morte lenta é uma coisa que às vezes demora imenso tempo, é penosa e tem custos elevados. Assim são os custos que a 'geringonça' nos está a deixar", criticou.
Para o líder do PSD, no que é importante para Portugal, "a maioria não tem o mínimo de cimento e o mínimo de coesão", voltando a acusar o Governo de esconder a sua posição sobre o mecanismo de cooperação estruturada na área da Defesa por não contar nesta matéria com o apoio do PCP, BE e Verdes.
"No que é importante para o país, a 'geringonça' não tem entendimento e o PS não conta com a 'geringonça' para o que é relevante. Porque é relevante a 'geringonça' para o PS? Porque é a única maneira que o PS tem de fazer que governa", acusou.
Na sua última intervenção como presidente do PSD em jornadas parlamentares, Passos Coelho, que não se recandidata ao cargo que ocupa desde 2010, retomou algumas das críticas que tem feito ao Governo ao longo dos últimos dois anos, como não ter uma estratégia de médio e longo prazo e apenas se preocupar com o presente.
"Se à medida que os anos passam, gerimos apenas a conjuntura favorável, quando tivermos uma nova crise teremos de voltar ao princípio", alertou, lembrando que a economia tem ciclos e "as sociedades que são prudentes preparam-se".
Passos Coelho lamentou que, em Portugal, "se faça o contrário": "Tomamos os riscos pensando que o futuro há de sempre melhor".