O plano de emergência que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) reivindica “já está em execução”, afirma o ministro da Agricultura. Em declarações à Renascença, Capoulas Santos admite “mais medidas” se a situação se agravar ainda mais.
O governante começa por enviar uma “palavra de solidariedade” aos agricultores atingidos pela “seca prolongada que há muitos meses estamos a viver”, mas sublinha que o ministério já avançou com medidas.
“O plano de emergência que a CAP reivindica já está em execução. Causa-me até alguma estranheza que o presidente da CAP não tenha dado por isso”, afirma Capoulas Santos.
O ministro sublinha que “o plano de emergência contempla medidas de curto prazo e contempla medidas de longo prazo”.
“As medidas de curto prazo dirigem-se aos setores que estão a ser mais afetados, porque felizmente nem todos os setores estão a ser igualmente afetados”, afirma Capoulas Santos, que dá o exemplo do aumento da produção de vinho, azeite, maçã e pera.
Quanto aos cereais, que segundo o INE deverá ter a pior campanha dos “últimos 100 anos”, o ministro reconhece que é, juntamente com a pecuária, um dos setores a “viver algumas dificuldades”.
“Por isso, o Governo adotou medidas, não para todos os agricultores, mas para os setores que estão em dificuldades. No caso da pecuária, nós pusemos em execução um apoio de 15 milhões para captação e transporte de água” e 1.600 candidaturas foram aprovadas.
Questionado se não vai avançar imediatamente com novas medidas, Capoulas Santos responde que “essas medidas que já estão em curso são muitas, as últimas foram tomadas na sexta-feira passada”.
Mas o ministro admite que, se a situação se agravar ainda mais, “haverá mais medidas”. “Obviamente, não podem existir medidas todos os dias e várias vezes por dia. Essas medidas têm vindo a ser adotadas à medida que as circunstâncias o determinam”, afirma Capoulas Santos.
Para a alimentação animal foi criada uma linha de crédito de cinco milhões de euros, garantida pelo Estado em 70%, e foram distribuídas quatro mil toneladas de alimentos até dezembro, sublinha.
O Governo espera que a situação de seca possa ser atenuada nos próximos meses, mas está “muito preocupado”, diz o ministro, “e a prova disso é que criou uma comissão composta por oito ministros, que está a adotar medidas, a monitorizar a situação e preparada para adotar outras medidas, não só de curto como médio prazo”.
Os agricultores exigem ao Governo um plano de emergência para mitigar os efeitos da seca. O apelo surge depois de o Instituto Nacional de Estatística ter antecipado uma redução da área de cultivo para os cereais de inverno para um mínimo histórico nos últimos 100 anos.
Em declarações à Renascença, o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, considera urgente a adoção de medidas que revertam o quadro de dificuldade que muitos produtores enfrentam.