Três semanas depois do arranque de um ano letivo condicionado pela pandemia de Covid-19, milhares de alunos continuam sem professores. Questionado sobre a situação pela Renascença, o Ministério da Educação cita, entre outros motivos, o "número anormalmente alto" de recusa de horários por causa da crise sanitária.
Ao final de três semanas desde o regresso às aulas -- das cinco que o Ministério ditou que seriam para recuperação de aprendizagens, dado o impacto da Covid-19 no final do último ano letivo -- milhares de alunos continuam sem professores.
Esta sexta-feira, saiu a 5.ª bolsa de recrutamento de docentes. Face a essa situação, a tutela fala em "novas circunstâncias que levam à falta de professores", entre elas um "número anormalmente alto de não aceitações de horários, atenta a situação de pandemia que leva os docentes a não quererem deslocar-se das suas áreas de residência".
Desde o início deste ano letivo, e à medida que as escolas vão percebendo que os professores não aceitam os horários, vão fazendo pedidos às bolsas de recrutamento para preencher as lacunas.
Sobre esse ponto, em resposta escrita enviada à Renascença, o Ministério tutelado por Tiago Brandão Rodrigues indica que "o número de pedidos de horários esta semana foi significativamente inferior ao da semana passada, sendo a grande maioria referente a novos pedidos e não a horários por ocupar vindos de semanas anteriores".
Esta diminuição, adianta a tutela, "deve-se, entre outros fatores, ao facto de as escolas poderem, adicionalmente ao recurso às reservas de recrutamento, recorrer à utilização da contratação de escola para um conjunto alargado de horários por ocupar".
O Ministério não esclarece quantos professores estão ainda em falta nas escolas portuguesas, mas destaca ainda como fatores que explicam a falta de professores o incremento de 3.300 docentes devido ao reforço de profissionais "no âmbito do plano de recuperação estabelecido para este ano (créditos, horários, tutorias, etc.) e ainda "mais de 1.100 mobilidades por doença atribuídas, este ano, num total de mais de 8 mil docentes em mobilidade", que levou "a grande maioria a deslocar-se da Grande Lisboa para a região Norte".
É ainda destacado o facto de este ano terem sido "apresentadas mais de 500 declarações ao abrigo do regime recional de proteção de imunodeprimidos e doentes crónicos atendendo à Covid-19, o que permite aos docentes 30 dias de faltas justificadas, com remuneração".