"Não há nenhuma razão" para que o Presidente da República exija "condições e garantias" que não pediu a Passos Coelho na hora em que o indigitou como primeiro-ministro. Quem o diz é o secretário-geral comunista, numa reacção às seis condições impostas esta segunda-feira pelo Presidente da República para a indigitação de um Governo do PS viabilizado à esquerda.
Numa declaração aos jornalistas na sede do PCP, em Lisboa, Jerónimo de Sousa afirmou que Cavaco Silva de "procurar subverter a Constituição" com um "novo pretexto na linha da obstaculização institucional da solução governativa existente" à esquerda.
"O PCP reafirma que esta nova tentativa de Cavaco Silva para procurar subverter a Constituição da República terá, da parte dos trabalhadores e do povo, a resposta democrática que lhe corresponda", afirmou o líder comunista, sublinhando que o chefe de Estado "assume assim todas as responsabilidades e consequências políticas e institucionais por decisões que contribuam para degradar a situação nacional e promover o afrontamento entre órgãos de soberania".
Jerónimo de Sousa referiu tratar-se de "uma nova e derradeira tentativa de Cavaco Silva para salvar a maioria PSD/CDS".
"Não há nenhuma razão para que o Presidente, perante a inequívoca e pública afirmação de quatro partidos que dispõem da maioria dos deputados na Assembleia, venha exigir condições e garantias que, manifestamente, não só não exigiu como sabia não existirem para impor a indigitação de Passos Coelho e a formação de um Governo PSD/CDS, cuja garantia de durabilidade ficou à vista com a sua previsível rejeição pela Assembleia, que se concretizou 11 dias após a sua nomeação", defendeu.
O secretário-geral do PS, António Costa, deverá responder por escrito esta segunda-feira à clarificação requerida pelo Presidente, revelou à Lusa o presidente do PS, Carlos César.
O Presidente da República elencou seis questões que lhe "suscitam dúvidas" nos acordos à esquerda com vista à formação de um governo PS e sobre as quais quer esclarecimentos adicionais do líder socialista, António Costa.
A aprovação do Orçamento do Estado de 2016, os compromissos no âmbito da NATO e a "estabilidade do sistema financeiro" estão entre as preocupações de Cavaco.