O bispo do Porto, D. Manuel Linda, considera que a agricultura se tornou "uma arte de empobrecer tristemente".
“Há 100 anos que andamos a dizer em Portugal, em Espanha e inclusivamente noutros países da Europa que a agricultura é uma arte de empobrecer alegremente. O empobrecer subsiste e o alegremente desapareceu. E hoje poderíamos dizer que é uma arte de empobrecer tristemente”, afirmou o prelado, esta segunda-feira, na abertura das Jornadas de Teologia da Universidade Católica, dedicadas ao tema: "O Trabalho Num mundo Globalizado".
D. Manuel Linda lembrou o protesto dos agricultores para deixar criticas "às poderosíssimas cadeias de distribuição". O bispo deu o exemplo de um agricultor que "vendia as suas maçãs a 25 cêntimos o quilo que, depois, estavam no supermercado a 2 euros" e deixou uma pergunta retorica: “Quem ganha? É o agricultor? É o consumidor? Nenhum, nenhum deles."
Para o bispo do Porto, é também muito importante refletir sobre "os novos perfis de pobreza" que surgem na sequência das migrações e denunciou um caso por si testemunhado na cidade do Porto em que "o crescimento económico", é baseado "no sugar do sangue dos outros".
“Surgem novos perfis de pobreza, aqueles que são explorados indecentemente. Aqui, na cidade do Porto, num caso testemunhado por mim, vi dentro de um baixo com 14 ou 15 metros quadrados que estavam a dormir 12 emigrantes. Cada um pagava 250 euros, sem fatura, sem recibo, sem nada. Vejam como há quem, de facto, retira do sangue dos outros o seu sustento e o seu crescimento como magnatas. É um crescimento económico à base de sugar o sangue dos outros”, declarou.
D. manuel Linda pediu uma "boa reflexão para que se consiga levar ao grande publico ideias novas para estes tempos novos".
As Jornadas de Teologia decorrem até quinta-feira no Centro Regional do Porto da Universidade Católica. Um dos oradores é Luigino Bruni, um dos principais dinamizadores da "Economia de Francisco".