Magistrados do MP criticam "leviandade" de alguns políticos
16-02-2024 - 11:00
 • Ana Fernandes Silva

Sindicato dos Magistrados do Ministério Público devolve críticas feitas por vários atores políticos nos últimos dias, na sequência do caso da Madeira.

O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), Adão Carvalho, encara com "grande preocupação" as críticas feitas por vários atores políticos nos últimos dias, na sequência do caso da Madeira.

Adão Carvalho lamenta, em declarações à Renascença, que as criticas surjam de "quem tem ou teve responsabilidades políticas".

"As pessoas são livres de fazerem os comentários, mas quem tem ou teve responsabilidades políticas devia ter uma cultura de respeito pelas instituições e pela independência do sistema judicial", argumenta Adão Carvalho.

O antigo presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues acusa, esta sexta-feira, no jornal Público, o MP de "irresponsabilidade e mediocridade".

Na reação, o presidente do SMMP acusa Ferro Rodrigues de comentar casos que desconhece "de forma leviana" e acrescenta que "pessoas que não conhecem os processos que não conhecem exatamente o que que existe, que provas existem e os factos, penso que não deviam fazer comentários, não é bom para a confiança nas instituições e no sistema de justiça".

Esta tomada de posição de Ferro surge depois de, na Renascença, Augusto Santos Silva ter dito que "é preciso fazer uma reflexão muito profunda sobre as condições com que se priva da liberdade os cidadãos, em Portugal".

Na quinta-feira, o ex-presidente do PSD, Rui Rio, acusou a Procuradora Geral da República de "estar nas tintas e de não dar explicações de nada", sugerindo ainda a demissão de Lucília Gago. Posteriormente, em entrevista à RTP2, Rio defendeu a demissão da procuradora-geral da República e considerou inconcebível o silêncio de Lucília Gago após duas crises políticas geradas por casos judiciais.

Para Adão Carvalho, este registo de críticas é "absolutamente atentatório daquilo que é o Estado de direito e do que é autonomia do Ministério Público".

"Muitas vezes, estas posições surgem por azedumes do passado e para tentarem acertar contas", remata.