Um tribunal russo começou a julgar esta segunda-feira o oposicionista Alexei Navalny num novo processo por alegado extremismo em que pode vir a ser condenado a trinta anos de prisão.
De acordo com a agência France-Presse (AFP), o processo decorre no estabelecimento prisional de alta segurança de Melekhovo, a 250 quilómetros de Moscovo, onde Navalny se encontra preso.
Neste novo processo, o oposicionista russo é acusado de financiamento duma "organização extremista".
Segundo a AFP, Navalny esteve hoje presente na audiência acompanhado dos advogados de defesa.
O dirigente da oposição russa, de 47 anos, está preso desde que regressou ao país, em janeiro de 2021, após convalescença hospitalar na Alemanha na sequência de envenenamento com gás tóxico (Novichok) na Rússia.
Após o início da campanha militar da Rússia contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a maior parte dos oposicionistas que não abandonaram o país estão presos ou são alvo de mandados de captura, por denunciarem ou criticarem o conflito.
Navalny, em particular, foi envolvido anteriormente num processo anticorrupção tendo sido condenado a nove anos de prisão por "fraude".
Para Navalny tratou-se de um "julgamento político".
Hoje, na abertura do processo que começou no estabelecimento prisional onde se encontra, Navalny pediu para as autoridades permitirem a entrada dos familiares na audiência mas o pedido foi recusado.
Os advogados de defesa têm dez dias para consultarem os 196 dossiers fornecidos hoje pela acusação.
Navalny mantém atividade política através de comentários que colaboradores seus difundem nas redes sociais.
Uma das porta-vozes de Navalny, Kira Iarmych, disse hoje à France Presse que o oposicionista está a ser alvo de um novo processo devido à atividade política que desenvolve, apesar de estar preso.
De acordo com a mesma fonte, o julgamento que começou hoje deveria ter sido aberto ao público mas o juiz determinou que a sessão ia decorrer "à porta fechada".
Os colaboradores de Navalny referem ainda que o recluso tem sido submetido a um tratamento "muito severo" e foi sujeito pela 16ª vez à "célula disciplinar" onde as condições de vida são particularmente precárias.
Um outro oposicionista do regime do Kremlin, Vladimir Kara-Mourza, foi condenado no passado mês de abril a 25 anos de cadeia "por alta traição".
Em dezembro do ano passado, outro oposicionista, Ilia Iachine, foi sentenciado a oito anos e meio de prisão por ter criticado a ofensiva russa contra a Ucrânia.