O cenário é agora mais tranquilo, mas o presidente da Câmara da Guarda diz que o país ainda não percebeu o que aqui aconteceu.
Cansado e agastado, Sérgio Costa acompanhou a Renascença à aldeia da Quinta da Taberna, por onde passou o fogo na quinta-feira, dizimando 20 propriedades, entre as quais quatro casas de segunda habitação.
"Esperemos que o incêndio fique por aqui e não passe deste dia ou desta noite. Estamos com uma semana de incêndio, uma verdadeira tragédia", diz o autarca, acrescentando que "não é uma tragédia só para estas freguesias, concelhos ou para a região. Em primeiro lugar, é uma tragédia para o país. O país ainda não percebeu o que aconteceu aqui na Serra da Estrela. O Parque Natural da Serra da Estrela desapareceu".
Sérgio Costa estima que terão ardido cerca de 20 mil hectares - e com as chamas, o sustento de muitos.
"Acontecer o que aconteceu durante esta semana, durante estes sete dias, é totalmente desolador. Um autarca sente-se, depois de tudo isto, muitas vezes impotente ao ver que estão a ser dilaceradas as vidas económicas de toda esta boa gente que dedicou a sua vida à produção florestal e, em poucas horas, desapareceu tudo isto", lamenta, assegurando que ouviu muitos desabafos de pessoas que se sentiram abandonadas.
"Vai haver aqui dificuldades, naturalmente, muitas dificuldades económicas. Desapareceu toda esta biodiversidade. Os recursos hídricos estão prejudicados de uma forma colossal", nota ainda.
Questionado sobre se foi contactado por elementos do Governo, Sérgio Costa assegura que recebeu vários telefonemas e muitas manifestações de solidariedade. Já sobre a ausência destes responsáveis do terreno, Sérgio Costa considera que essa é uma "questão estratégica", mas reconhece que sentiu a falta da presença destes responsáveis.
"Gostaríamos que tivessem vindo ao terreno. Percebemos que tenha havido essa decisão e respeitamos, mas achamos também que, estando no terreno, as coisas poderiam acontecer de uma outra forma. Sabemos que com os telefones e a tecnologia tudo é mais possível, mas, às vezes, estar com a nossa presença, no incêndio ou nalguns locais de decisão, às vezes pode ser importante", remata.
[notícia corrigida às 23h00 de 15.8.2022]