Pedro Abrunhosa espera que o Parlamento tome uma posição sobre a ameaça de que foi alvo num comunicado da embaixada russa em Lisboa.
"Acho que o Parlamento tem de pronunciar porque é uma ingerência na soberania nacional e uma ingerência num conteúdo que nos é a todos muito caro, que é a liberdade. A liberdade de expressão neste caso" afirmou esta terça-feira.
No fim-de-semana, o Ministério dos Negócios Estrangeiros repudiou o “tom e conteúdo” do comunicado da Embaixada da Rússia em Portugal sobre um concerto de Pedro Abrunhosa onde este músico condenou a guerra na Ucrânia, e defendeu a liberdade de expressão como “inalienável”.
“Foi transmitida à embaixada da Federação Russa, através dos canais diplomáticos, o repúdio pelo tom e conteúdo do comunicado da embaixada relativo ao concerto do músico Pedro Abrunhosa”, adiantou hoje à agência Lusa fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Espero que haja uma posição clara e inequívoca do Parlamento a esta ingerência inadmissivel da embaixada russa", reafirmou Abrunhosa.
Em relação aos seus pares, Abrunhosa quer que os artistas portugueses se pronunciem de uma forma mais clara. "Percebo que estamos todos a ter um verão muito atribulado, com muitas ocupações, mas há aqui uns direitos fundamentais, nomeadamente nós somos artistas, estamos em cima dos palcos, estamos perante as pessoas. Temos de ter o direito de nos expressar artisticamente, cluturalmente, civicamente, humanamente e pessoalmente", enumerou.
"Alguns dos meus colegas já se pronunciaram, espero que eles à imagem dos partidos o façam de forma veemente", pediu.
Durante um concerto em Águeda, a 2 de Julho, disponível na íntegra na plataforma Youtube, Pedro Abrunhosa falou sobre a guerra na Ucrânia.
“Não podemos, nem vamos esquecer, que a Europa vive uma guerra. E a guerra mais estúpida de todas, uma guerra perfeitamente evitável, uma guerra de ódios, uma guerra em que famílias como as nossas todos os dias têm que fugir”, afirmou na altura.
No vídeo do concerto também publicado pelo festival ouve-se a plateia a cantar com Abrunhosa o verso “Vladimir Putin, go fuck yourself” (a partir do minuto 26). Além do nome do Presidente, o cantor português menciona na adaptação desta sua canção as expressões como “barco russo”, “soldados russos” e “mísseis russos”. À medida que o público ia entoando as frases, o cantor continuava a incentivar: “Este grito hoje tem que se ouvir em Moscovo e em Kiev”.