Computador levado por ex-adjunto de Galamba tinha informação sobre reestruturação da TAP
29-04-2023 - 15:50
 • Susana Madureira Martins , com Salomé Esteves

A Renascença apurou que as informações classificadas que terão motivado João Galamba a contactar os Serviços de Informação eram referentes ao plano de restruturação da TAP

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Em conferência de imprensa, João Galamba esclareceu os motivos que levaram à intervenção dos Serviços de Informação e Segurança (SIS), na recuperação de um computador da posse do adjunto exonerado Frederico Pinheiro. Este computador, sabe a Renascença, teria informações classificadas sobre o plano de reestruturação da TAP.

O ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas foi exonerado no passado dia 26 de abril, após ter demorado a entregar ao gabinete as notas da reunião de 16 de janeiro. “Notas essas cuja existência tinha sido sempre negada” por Frederico Pinheiro, disse este sábado o ministro João Galamba, em conferência de imprensa.

Após o despedimento, o ex-adjunto ter-se-á deslocado ao gabinete e levado um computador e agredido três mulheres, incluindo a chefe de gabinete e uma assessora de imprensa.

De acordo com Galamba, este computador é propriedade do Estado e contém informações classificadas. A natureza das informações contidas no computador levou o governante a contactar o primeiro-ministro e a ministra da Justiça. Só após este contacto foi pedida a intervenção ao SIS e à Polícia Judiciária.

Partidos indignados com “segredos” guardados no computador

A Iniciativa Liberal, PSD e o Chega mostraram indignação sobre a intervenção dos serviços de informação na recuperação do computador da casa de Frederico Pinheiro.

A IL tinha pedido a audição urgente de João Galamba em comunicado, no final desta-feira, devido às notícias sobre a exoneração de Frederico Pinheiro.

O partido queria saber se o gabinete de Galamba teria contactado o SIS diretamente para “reportar o roubo”. Segundo o comunicado da Iniciativa Liberal "é prática habitual do Governo dar instruções aos serviços de informações para que estes pratiquem atos próprios de entidades com funções policiais, ainda que a lei e a Constituição da República Portuguesa o proíbam".

Miranda Sarmento disse, em conferência de imprensa na manhã de sábado que "não é compreensível que se tenham chamado os serviços secretos para recuperar um computador". O líder parlamentar do PSD inquiriu que “informações” ou “segredos” estariam alojados naquele computador que poderiam comprometer o Governo.

André Ventura pediu a audição do Presidente do SIS no Parlamento. Segundo o Chega, a intervenção do SIS neste caso “levanta muitas questões” e põe em causa a separação de poderes.