Radicalização é resultado de “erros ao longo dos anos da comunidade internacional”
03-12-2015 - 19:28
 • Celso Paiva Sol

A activista Alaa Murabit está em Portugal e diz à Renascença que os países ocidentais também têm um papel a desempenhar para combater a radicalização no mundo islâmico.

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A radicalização de muçulmanos, que conduz a problemas de terrorismo, é também o resultado de "erros ao longo dos anos" por parte da comunidade internacional, diz uma jovem especialista canadiana de origem líbia.

Diversos especialistas internacionais no estudo e prevenção do terrorismo estão por estes dias em Lisboa a participar numa conferência do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. O tema escolhido é a radicalização e a forma como pode ser combatida.

Entre os oradores esteve esta quinta-feira Alaa Murabit, uma canadiana de origem líbia, que nos últimos anos se transformou numa das mais mediáticas activistas dos direitos humanos.

Murabit fundou a associação Voz das Mulheres Líbias e a ONU está entre as várias organizações com que colabora actualmente.

Durante os trabalhos, Alaa Murabit deixou como principal mensagem a urgência de uma introspecção dos próprios Estados, ideia que partilhou também com a Renascença.“Penso que a radicalização é uma combinação de todos os nossos erros ao longo dos anos. E quando digo nossos, refiro-me a toda a comunidade internacional. O que acho que devemos fazer é ver de que forma os nossos países contribuem para o problema e ver o que podemos fazer para reverter isto.”

“Se estivemos envolvidos em acções militares, e promovemos insegurança e vazios políticos o que é que podemos fazer? Se estivemos envolvidos no apoio à sociedade civil, como é que podemos reforçar esse apoio? Se temos aliados políticos que não promovem propriamente a paz na região o que é que podemos fazer?”, questiona.

O mais importante, diz a activista, é reconhecer com honestidade as responsabilidades de cada um, e agir antes que seja tarde de mais.

“Acho que temos que ser muito honestos sobre a nossa própria responsabilidade, e se todos fizermos isso conseguimos identificar esses factores. Mas se continuarmos a dizer que o problema não é nosso, que não nos afecta, sem nos apercebermos vamos ter crises atrás de crises, vagas de imigração, actos violentos nas nossas comunidades e aí então vamos dizer que devíamos ter feito alguma coisa”, conclui.