O advogado Paulo Sá e Cunha, que representa o presidente da Câmara do Funchal, detido por suspeitas de corrupção na Madeira, disse esta sexta-feira que Pedro Calado vai prestar declarações para "esclarecer a verdade".
Paulo Sá e Cunha falava aos jornalistas, ao início da tarde, à entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus de Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa, onde regressou à tarde para levantar documentação referente ao processo.
"Sim, a intenção do meu constituinte é prestar esclarecimentos. Responder às perguntas que forem feitas, sempre no propósito de esclarecer a verdade e afastar quaisquer imputações penais que possam estar em mente", disse Paulo Sá e Cunha.
O advogado lembrou que "nenhum processo desta dimensão e natureza é fácil".
O advogado escusou-se a fazer mais comentários, acrescentando que seria "muito prematuro", tendo em conta que tomou contacto pela primeira vez com o processo "ontem [quinta-feira] à tarde".
"Não posso adiantar muito, porque não sei muito, tudo o que poderia dizer seria especulativo", frisou.
Paulo Sá e Cunha disse ainda que em determinado tipo de crimes é de "evitar detenções por tempo longo", salientando que não deve haver precipitações e "deixar de fazer coisas uteis à defesa tendo presente que os constituintes estão numa situação desagradável".
"Temos três detidos, não me parece que se justifique prolongar por muitos dias. Mas o processo é grande e tem muita prova", reconheceu.
No entanto, o advogado do presidente da Câmara do Funchal espera que o inquérito seja encerrado "o mais rapidamente possível", lembrando que é mau para a justiça em geral haver "este tipo de diligências e passarem anos até que os inquéritos sejam encerrados".
O processo que envolve o presidente da Câmara do Funchal e dois empresários - Custódio Correia e Avelino Farinha - vai ser conduzido pelo juiz Jorge Melo, segundo fonte judicial.
O interrogatório aos três detidos vai começar no sábado às 10h00, depois de hoje terem sido identificados.
Em declarações aos jornalistas à saída do tribunal ao final da manhã, Raul Soares da Veiga, advogado de Avelino Farinha, um dos empresários detido, disse que o seu cliente "foi apanhado de surpresa", mas irá responder a tudo.
"Vai responder. Deixar tudo claríssimo, para não haver nenhum equívoco. Vai-se ver que aquilo que parece não é", disse Raul Soares da Veiga à saída do Tribunal Central de Investigação e Ação Penal, no Campus de Justiça, no Parque das Nações, em Lisboa.
Na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em vários zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas, segundo disse à Lusa fonte da investigação.
No âmbito deste processo, foi ainda constituído arguido o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD).
De acordo com a Polícia Judiciária, estão em causa suspeitas dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poder e tráfico de influência.