Pedro Nuno Santos propôs e Luís Montenegro aceitou. Em tempo "oportuno", o primeiro-ministro irá receber o líder do PS. O objetivo declarado desta reunião é, no prazo de 60 dias, os dois partidos mais votados conseguirem chegar a um acordo que permita valorizar as carreiras e os salários dos trabalhadores da Administração Pública — em especial dos profissionais de saúde, das forças de segurança, dos oficiais de justiça e dos professores. Na resposta à carta enviada pelo socialista, Montenegro saúda a responsabilidade política de Pedro Nuno Santos.
Ao final da manhã, tal como a Renascença noticiou, Pedro Nuno Santos enviou a Luís Montenegro uma carta onde manifestava a disponibilidade e o interesse do Partido Socialista de "trabalhar em conjunto" com o Governo. A ideia era a de chegar a um acordo, até ao final de junho, que permita a recuperação do tempo de serviços de professores e a valorização das carreiras da Administração Pública. No entanto, um dos temas que ficou fora da proposta de acordo foi a localização do novo aeroporto – embora, sobre este assunto, o líder dos socialistas tivesse manifestado, no passado, abertura para fazer parte de uma solução.
À Renascença, fonte do gabinete do primeiro-ministro confirmou que a carta foi recebida e que "terá, naturalmente, resposta" — resposta que chegou cerca de duas horas e meia depois, com Montenegro a prometer agendar uma "reunião de trabalho" para a discussão dos temas.
Na primeira missiva, a que a Renascença teve acesso, o secretário-geral do PS dizia querer "construir um acordo" com a governação "num prazo de sessenta dias" que "permita encontrar soluções", inclusive "em sede de orçamento retificativo". As soluções concentram-se na "valorização das carreiras e dos salários dos trabalhadores da Administração Pública", em especial "dos profissionais de saúde, das forças de segurança, dos oficiais de justiça e dos professores".
Ainda em relação aos professores, Pedro Nuno Santos sublinhava estar disponível para "apoiar a recuperação da totalidade do tempo de serviço dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básicos e secundário", bem como para "uma revisão da carreira docente", que "permita reduzir o hiato entre os índices remuneratórios do início e do fim da carreira".
Na carta, Pedro Nuno Santos mostra a disponibilidade do PS em construir o acordo antes "do fim do período de funcionamento da Assembleia da República, em julho deste ano".
Leia a carta na íntegra:
Montenegro responde com aviso e alfinetada aos governos socialistas
Em resposta à carta de Pedro Nuno Santos, Luís Montenegro prometeu agendar uma reunião de trabalho para a discussão dos temas apontados, o que deverá acontecer “na sequência das negociações com as organizações representativas dos trabalhadores”. Mas avisa: “O tempo e o modo de condução desses processos negociais serão, obviamente, definidos pelo Governo.”
E deixa uma alfinetada aos governos de António Costa: “Como sabe, até pela experiência infrutífera desse domínio dos últimos governos, tais negociações revestem-se de elevada complexidade.”
Ainda assim, escreve Montenegro, existe o compromisso de “superar todas as dificuldades com a máxima rapidez”.
Leia a resposta de Montenegro na íntegra:
Chega e Iniciativa Liberal reagiram à iniciativa de Pedro Nuno Santos, ainda antes de ser conhecida a resposta do primeiro-ministro. André Ventura criticou a aproximação entre os dois partidos, naquilo que vê como um futuro bloco central, enquanto Rui Rocha disse que o líder socialista se esqueceu de parte da sociedade.
Já o Presidente da República pouco teve a dizer sobre o assunto: a mais de mês e meio das eleições na Madeira, Marcelo Rebelo de Sousa disse não querer comentar o assunto por estarmos em “período eleitoral”. E acrescentou: “Mas registo. Vou registando. Não tenho nada a responder, ainda por cima num momento importante, calmo, tranquilo, de preparação e debate do programa de Governo”, afirmou, no IPO do Porto, à margem da inauguração do espaço da Fundação La Caixa.
Um "arrufo de namorados" entre PS e o governo da AD, foi como o líder do Chega, por seu lado, reagiu ao conteúdo da carta, referindo que o Partido Socialista "se meteu num beco de onde agora não consegue sair" ao formar aquilo que é, "praticamente um governo do bloco central".
Para o presidente da IL, o conteúdo da carta "trata-se da evidência e da confirmação de que Pedro Nuno Santos e de que o PS de Pedro Nuno Santos estão empenhados em fazer oposição ao PS de António Costa". Já os "problemas dos portugueses", acusou Rui Rocha, ficam por resolver.
[notícia atualizada às 19h00]