A morte de três jovens na Venezuela elevou para 55 o número oficial de mortes em protestos contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro, que desde há quase oito semanas se registam em várias regiões do país.
"Até à data registam-se 55 pessoas falecidas por actos de violência, entre os quais 52 civis e três agentes da polícia e militares", anunciou a Procuradora-Geral da Venezuela (PGR), Luísa Ortega Díaz.
A responsável precisou que desde o passado dia 1 de Abril se registaram 1.000 feridos em protestos, dos quais 771 são civis e 229 são agentes da autoridade e acrescentou ainda que 346 bens imóveis foram saqueados ou incendiados.
"Mais da metade das pessoas foram feridas devido ao uso da força pelas organizações de segurança do Estado", denunciou durante uma conferência de imprensa em Caracas, em que não foram permitidas perguntas dos jornalistas.
Luísa Ortega Díaz precisou que o Ministério Público abriu 1.479 investigações por actos de violência, que 19 agentes da autoridade foram acusados de violação dos direitos fundamentais e que existem 18 ordens de detenção por executar.
Durante a conferência de imprensa, Luísa Díaz apelou aos políticos venezuelanos a que se abstenham de referir as causas das mortes durante os protestos, por ser competência do Ministério Público realizar as devidas investigações.
A procuradora questionou ainda julgamento de civis pela justiça militar, a quem pediu que divulgue o número de detidos bem como o estado de saúde em que aqueles se encontram.
A PGR referiu-se também aos grupos de motociclistas armados, afectos ao regime, que a oposição acusa de actuarem sob a protecção das forças de segurança e do Governo e que inclusive terão impedido a realização de manifestações da oposição.
"Há 16 investigações abertas a grupos armados, à margem da lei", anunciou.
Sobre as pilhagens a estabelecimentos comerciais, disse haver registo de envolvimento de agentes da polícia e militares.
No passado dia 1 de Maio, o Presidente Nicolás Maduro convocou os venezuelanos para elegerem uma Assembleia Nacional Constituinte para, justificou, preservar a paz e a estabilidade da República, incluir um novo sistema económico, segurança, diplomacia e identidade cultural.
Segundo Nicolás Maduro, como parte das suas "atribuições constitucionais" está a reforma do Estado venezuelano, modificar a ordem jurídica, permitindo a convocatória redigir uma nova Constituição.
A convocatória intensificou a realização de manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro.