As empresas e as famílias receberam apenas 5% dos mais de três mil milhões de euros ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
De acordo com o último relatório da estrutura de missão Recuperar Portugal, responsável pela execução do PRR, citado pelo Jornal de Negócios, as entidades públicas são até agora e de longe os mais beneficiários.
As famílias surgem apenas em quarto lugar, tendo recebido até à data 110 milhões de euros da chamada bazuca europeia. Já as empresas aparecem em sexto lugar com 44 milhões recebidos.
O nosso país já recebeu 3.321 milhões de euros, correspondendo a 20% do envelope total, mas apenas 1.007 milhões foram efetivamente pagos.
As entidades públicas são, até agora, os principais beneficiários com um total de 302 milhões atribuídos, seguidas das empresas públicas, que já receberam 230 milhões do PRR e das escolas com 212 milhões.
Para serem desbloqueadas verbas, os Estados-membros têm de cumprir um conjunto de marcos e metas estabelecidas com Bruxelas. Portugal recebeu o primeiro desembolso em maio, após ter cumprido 38 marcos e metas e ter beneficiado de um pré-financiamento de milhões em agosto de 2021. Aguarda, agora, por um segundo desembolso de 1,8 mil milhões.
Este sábado, na Trofa, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a insistir na aplicação dos fundos europeus e pressionou diretamente a ministra da Coesão Territorial para que as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) sejam bem aplicadas.
Entre outras afirmações, o Presidente da República avisou-a que estará “muito atento” e não a perdoará caso descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que acha que deve ser.
“Verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que deve ser. Nesse caso, eu não lhe perdoo e há milhares de testemunhas daquilo que estou a dizer hoje. Espero que esse dia nunce chegue, mas estarei atento para o caso de chegar”, disse Marcelo.
“Já estamos a gastar e a investir por conta do Portugal 2030. Até agora todas as metas e pedidos de pagamento estão dentro da data”, sublinhou.
A ministra da Coesão Territorial realçou ainda que o Governo permanece atento, destacando que os vários ministérios, bem como as autarquias, devem também ser responsáveis pela alocação dos fundos.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu esta segunda-feira que acompanha a execução do PRR “com muita tranquilidade”, afirmando que “o programa que é para ser executado até ao final de 2026, não é para estar concluído no final de 2022”.
“É para ser cumprido nos exatos termos em que foi contratado e programado. E assim está a acontecer”, garantiu.