Apesar das dificuldades decorrentes do golpe de Estado de há duas semanas, a ajuda humanitária tem chegado à maioria da população sudanesa que dela necessita. Ao todo, quase nove milhões de pessoas.
"Até hoje conseguimos fazer chegar a 7,4 milhões de pessoas alguma ajuda humanitária", explica Paola Emmerson, responsável pelo OCHA - Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Depois do Golpe de Estado de 25 de outubro, em que o general Abdel-Fattah al-Burhan, presidente do Conselho Soberano sudanês (o mais alto órgão de poder no processo de transição do Sudão) dissolveu o Governo, o OCHA conseguiu rapidamente recuperar a atividade e prestar assistência.
Mas há dificuldades, principalmente aliadas aos setores que trabalham com a função pública.
"Desde a saúde à educação, passando por outros serviços que são providenciados por diferentes instituições do Estado". Aí, segundo Paola Emmerson, "temos revisto a situação para ver como podemos mitigá-la e poder continuar a providenciar essa assistência".
Dificuldades às quais se soma uma outra, talvez a mais importante: o OCHA trabalha com um terço do valor que esperava ter obtido, no início do ano.
"Nesta altura, dos 1,9 mil milhões de dólares que pedimos no início do ano, tendo em conta o plano de ação humanitária de definimos, recebemos apenas 30%", cerca de 600 milhões.
Há muito mais que pode e deve ser feito, sublinha Paola, contando para tal com o apoio da comunidade internacional, pois com menos dinheiro do que o previsto, houve a necessidade de priorizar a ajuda.
"Analisamos a situação e adaptamos o nosso planeamento, identificamos as pessoas com mais alta vulnerabilidade e as zonas onde essas vulnerabilidades existem, em vários setores, desde a alimentação à saúde e outros, aos quais damos prioridade", detalha.
O golpe militar fez, pelo menos, 14 mortos e centenas feridos desde 25 de outubro, segundo fontes hospitalares, reunidas numa Comissão de Médicos, que desde a revolução que derrubou o ditador Omar al-Bashir em abril de 2019 tem estado a assistir os manifestantes e a contabilizar as vítimas do processo revolucionário.
O líder militar sudanês, o general Abdel-Fattah al-Burhan, declarou o Estado de Emergência e dissolveu as instituições de Governo criadas para a transição democrática no país, para além de deter o primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, que ainda se encontra sob prisão domiciliária.