António Simões pede decisões e explicações ao presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, em face da atual crise de resultados no futebol.
O antigo jogador, uma das grandes figuras da história das águias, admite, em entrevista a Bola Branca, que é preciso agir quanto antes.
"A primeira coisa que pertence ao ser humano é assumir que algo falhou e depois explique-se, porque os sócios têm esse direito. Chegou o momento de: se tiver que tomar decisões, toma. Se não, toma a responsabilidade. Uma coisa ou outra", começa por dizer o "magriço".
Ou seja, "há que tomar decisões" e António Simões admite que pode passar pela saída de Jorge Jesus o futuro próximo do Benfica, que "não pode continuar neste buraco". Todavia, na sua opinião, qualquer que seja a decisão de Vieira, haverá consequências colaterais.
"Se algum dos dois, treinador ou presidente, tomar a decisão [de sair], arrasta o outro. Agora, como é lógico, o Benfica tem de mudar a agulha. Não pode continuar neste campeonato de desaire, um atrás do outro, com um esgotamento de desilusão e de tristeza entre a massa associativa do Benfica. Com o estádio cheio e estes resultados, já teria acontecido muita perturbação, muita contestação. Portanto, aproveitem este silêncio aparente, sendo que as redes sociais mostram o contrário, para tomar decisões. Ninguém perturba, neste momento, qualquer dirigente do Benfica para fazer as coisas que tem de fazer", afirma.
"Buraco" encarnado
António Simões considera que a raiz do problema do Benfica vai para além do treinador, sendo necessário mexer na dita estrutura.
"Hoje, não se pode ter [ou] ser uma estrutura apenas porque se é um excelente gestor. E muitos não têm experiência de futebol, nem da área da gestão. Cada vez mais a combinação do jogo com o negócio é evidente e não se pode ter milhões à disposição e não se saber investir. [Em] qualquer empresa que faça um investimento e dê neste resultado, está em causa as pessoas que dirigem essa empresa", aponta o também ex-diretor desportivo do emblema benfiquista, nesta entrevista à Renascença.
Para Simões, urge sair do "buraco" em que a equipa de futebol entrou "O Benfica meteu-se num buraco, de tal maneira, que é extremamente complicado de lá sair. Há clubes que se metem em buracos dos quais nunca recuperam. Espero que se crie uma dinâmica de vitória, porque ainda há tempo, de forma a sair deste buraco", destaca.
A antiga glória do Benfica assinala, ainda, que a pandemia "não 'pega'" como desculpa para os maus resultados da equipa encarnada.
"É extremamente desagradável jogar sem público, tendo o Benfica mais adeptos e mais presença no estádio. Mas ao menos tempo, o Benfica tem tirado benefício desse prejuízo, porque não há ninguém para contestar, não há ninguém para contrariar aquilo que tem sido o sub-rendimeno de alguns jogadores, etc. Portanto, não vou muito por aí", refere, preocupado ainda com o risco de o Benfica voltar a falhar o acesso à Champions.