A Ordem dos Médicos Dentistas defende o alargamento dos cheques dentista a todas as crianças a partir dos dois anos, sublinhando que mais de 60% das crianças menores de seis anos nunca foi a um dentista.
Segundo o barómetro da saúde oral 2018, a que a agência Lusa teve acesso, 63% das crianças em idade pré-escolar nunca visitou um médico dentista.
Na população geral, esta percentagem reduz-se para metade, sendo cerca de 30% os portugueses que nunca vão ao dentista ou só em caso de urgência.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas considera que é “um erro brutal em termos de saúde pública” só acompanhar de forma regular as crianças a partir dos seis anos.
Atualmente, o cheque dentista é distribuído a partir dos seis anos e abrange apenas as crianças que frequentam escolas do ensino público.
“Aos 24 meses já têm a sua dentição temporária colocada na boca e é também necessário tratar os dentes de leite. São dentes temporários, mas são dentes para conservar e tratar”, afirma Orlando Monteiro da Silva, a propósito do barómetro da saúde oral relativo a 2018.
O bastonário indica que há a perceção errada de que os dentes de leite não são para cuidar, vigiar e tratar e apela a que pais e educadores “higienizem e tratem os dentes de leite exatamente como os definitivos”.
“O cheque dentista devia estar disponível a qualquer criança a partir dos dois anos, sendo uma medida que iria diminuir ainda de forma mais vincada a prevalência de cárie dentária”, considera Orlando Monteiro da Silva, sublinhando que é “constrangedor ver crianças de 4 ou 5 anos com os dentes temporários todos cariados”.
Segundo o barómetro da saúde oral 2018, quatro em cada dez portugueses não vão ao dentista há mais de um ano e quase um terço da população diz que nunca vai ao dentista ou só vai em caso de urgência.
Entre 2014 e 2018 aumentou ainda o número de pessoas que não consulta o dentista há mais de dois anos.