O humorista John Stewart deixou, no Congresso norte-americano, um testemunho poderoso em defesa dos socorristas do 11 de setembro de 2001, heróis da resposta aos atentados que estão agora a ser vítimas do esquecimento e de cortes no sistema de saúde.
John Stewart deu rosto ao problema dos polícias, bombeiros e outros operacionais que ficaram com cancro e outras doenças por respirarem o ar contaminado pelos destroços das Torres Gémeas e do Pentágono ou que sofreram lesões permanentes.
O movimento, que conta com o apoio de alguns congressistas democratas e republicanos, defende um reforço do Fundo de Compensação das Vítimas, que garante o financiamento dos cuidados de saúde aos socorristas do 11 de setembro.
Numa audição realizada segunda-feira numa comissão do Congresso, onde estiveram presentes dezenas de vítimas, John Stewart manifestou a sua revolta com a falta de consenso para desbloquear as verbas.
“A vossa indiferença custa a estes homens e mulheres o seu bom mais precioso: tempo”, acusou o humorista que durante vários anos apresentou o programa de sátira política “Daily Show”.
“Atrás de mim, está uma sala cheia de socorristas do 11 de setembro e à minha frente está um Congresso quase vazio. Doentes e a morrer, arrastaram-se até aqui para falar… para ninguém. Vergonhoso. É uma vergonha para o país e uma mancha nesta instituição. Devia ter vergonha por todos os que não estão aqui, mas não vão ter, porque prestação de contas é uma coisa que parece não acontecer nesta câmara”, lamentou John Stewart.
O Fundo de Compensação das Vítimas foi criado logo após os atentados e, desde então, foi reforçado em 2010 e 2015, mas agora o dinheiro está a acabar à medida que o número de socorristas doentes aumenta.
Desde 2001, já morreram 200 bombeiros devido a doenças resultantes do seu trabalho na zona do “Ground Zero”, número que se está a aproximar os 300 bombeiros que morreram em resultado da queda das Torres Gémeas no dia dos atentados.
Em setembro do ano passado, a imprensa norte-americana revelou que mais de 16 mil socorristas do 11 de setembro que ficaram doentes tinham direito a apoios para cuidados de saúde.