O líder do PSD, Luis Montenegro, acusou esta terça-feira o Governo de estar a empatar as soluções para resolver os problemas, funcionando “ao ralenti”, nomeadamente na tomada de medidas para a habitação.
“Acho que temos em Portugal um Governo que funciona ao ralenti, sempre a reboque dos acontecimentos, sempre tarde e más horas”, declarou Luis Montenegro aos jornalistas no âmbito da visita que efetuou ao concelho da Calheta, na zona oeste da Madeira, no decurso do programa “Sentir Portugal” que decorre nesta região autónoma.
O dirigente social-democrata falava sobre a medida anunciada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, numa entrevista ao jornal Público, relacionada com o alargamento do regime de apoio à bonificação dos juros do crédito habitação a mais famílias e para que a banca ofereça taxa fixa a quem já tem créditos.
Luis Montenegro apontou que o PSD alertou, há mais de um ano, para “a circunstância de um processo inflacionista que iria acarretar a subida das taxas de juro, que por sua vez iria desembocar nas dificuldades redobradas das famílias, em particular das mais jovens em poderem pagar as prestações dos seus créditos à habitação”, tendo defendido a necessidade de serem tomadas medidas para mitigar o problema.
“A verdade é que já passou um ano e as medidas são sempre apresentadas às pinguinhas e muito mais tarde do que aquilo que é a necessidade das pessoas”, opinou.
Montenegro acusou o Governo de “andar a empatar as soluções”, salientando que, ao contrário do que acontece na Madeira, onde decorrem obras de construção de habitações, a nível nacional “tudo funciona muito devagar, devagarinho, muito tarde”.
“Nós precisamos de antecipar problemas e antecipar soluções também”, argumentou, realçando que as famílias e os jovens portugueses aguardam medidas que possam efetivamente ajudar nesta conjuntura.
Recordando que o partido apresentou em fevereiro o seu pacote com medidas no âmbito da habitação, o líder social-democrata indicou: “Estamos em julho de 2023 e falamos disto desde abril de 2022, em fevereiro apresentamos ideias ao Governo. O Governo está permanentemente a protelar, a adiar, numa altura em que os portugueses pagam cada vez mais impostos”
Montenegro argumentou que a atual política apenas está a colocar as pessoas e as empresas a trabalhar e produzir para “pagarem impostos”, sendo inexistente a “capacidade de atrair investimento e reter o talento”.
“O modelo está todo mal”, sublinhou, aconselhando a que estejam atentos “aquilo que se faz na Madeira, uma medida fiscal atrativa”.
Na opinião do líder do PSD, “o país tem que arriscar”, porque “não é com as soluções de sempre, as mais politicamente corretas, que vem nos livros e que os economistas há 30 anos vão facultando – com todo respeito pelo pensamento económicos” que a situação vai melhorar.
“Precisamos de políticos para decidir, arriscar, mudar transformar. É preciso termos uma competitividade atrativa”, vincou.
Questionado sobre o facto de ter diminuído a corrida aos certificados de aforro, Luis Montenegro, disse ser uma situação espetável com a redução dos juros, e defendeu que o Estado deve “estimular a poupança”, mesmo levando em conta os interesses do setor bancário e financeiro.
Montenegro mencionou os lucros avultados da Caixa Geral de Depósitos, para insistir haver “ margem para, salvaguardando o funcionamento, a robustez do sistema financeiro e a sua rentabilidade, poder ao mesmo tempo retribuir aqueles que têm capacidade de poupar com um juro que seja atrativo”.
“E o Estado não tem que estar a interferir, retirando espaço Às decisões que devem caber aos bancos”, opinou.