“Não basta ganhar eleições com maiorias esmagadoras se a maioria não vota”. Daniel Adrião, o militante que defrontou António Costa as eleições diretas para a liderança do PS, considera que se sujeitou a “um combate profundamente desigual”, mas, apesar de ter tido apenas cerca de quatro por cento dos votos, promete não se calar, “em nome de um PS mais aberto”.
Adrião, que subiu ao palco na manhã deste segundo dia de congresso para apresentar a sua moção “Reinventar Portugal”, defendeu um PS que tanto fale à esquerda como à direita.
“Mário Soares não era da ala esquerda, nem da ala direita do PS. Era simplesmente do PS”, disse Daniel Adrião que lembrou que o fundador do partido tanto fez alianças com o PSD e com o CDS como dedicou os últimos anos de vida a preparar o caminho para o que viria a ser a gerigonça.
“O PS sempre soube navegar a favor dos ventos da história e assim deve continuar”, prosseguiu Adrião, para quem “a atual direcção do PS não pode passar ao lado da história”.
Adrião defende eleições primárias para os órgãos do partido, como sucedeu aquando da escolha entre António José Seguro e António Costa, e também “a separação entre o partido e o Estado”, com proibição de os deputados serem presidentes de junta de freguesia e probição de os membros do governo serem presidentes de federações do PS (correspondentes às estruturas distritais).
O opositor de Costa também entende que o primeiro-ministro e o secretário-geral do PS não possam ser a mesma pessoa e, consequentemente, defende o fim do cargo de secretária-geral adjunta, atualmente desemprenhado por Ana Catarina Mendes.