O Cova da Piedade, penúltimo classificado da Segunda Liga, nada sabe até agora sobre a possibilidade de cancelamento do que resta da temporada neste escalão mas manda a prudência e a incerteza quanto ao controlo da pandemia da Covid-19 que o emblema de Almada adote uma visão abrangente, bem para lá das quatro-linhas.
Em declarações a Bola Branca, Edgar Rodrigues, diretor-geral da SAD do Piedade, avança não ter informações concretas sobre o cenário que se desenha no horizonte, assegura que o clube acatará toda e qualquer decisão do Governo e deixa, em defesa da vida, uma questão no ar.
"O Piedade não vai fazer nada contra o que o Governo determinar. Em primeiro lugar, está a vida e saúde de todos. Depois, quero ver quem irá querer ficar com sangue nas mãos", afirma, sem reservas, o "homem forte" do futebol do 17º classificado da Segunda Liga.
A sete pontos do Vilafranquense, primeira equipa acima da "linha de água", o Piedade está pronto para jogar, em campo, a batalha pela permanência. O problema, nesta altura, é que a guerra contra o novo coronavírus não está ganha. Nem de perto nem de longe.
"Temos 10 jogos pela frente e não temos medo de jogar contra os nossos adversários. Temos medo é de jogar contra o coronavírus, porque é um adversário bem mais perigoso, não sabemos onde ele está e quando é que pode chegar até nós. Também não temos medo de lutar pela manutenção. Temos é medo de lutar pelas nossas vidas", enfatiza Edgar Rodrigues, a quem provoca desconforto o desencontro de ideias e indicações contraditórias emanadas na última semana pelas cúpulas do futebol à escala global.
"A posição do Piedade é jogar o que resta do campeonato dentro de campo mas o Piedade também não entende porque é a UEFA e a FIFA expressam certas indicações e, ontem, um médico da FIFA recomenda que até setembro não haja futebol e nós estejamos ainda a pensar em voltar esta época. Todos queremos jogar mas estamos numa fase de emergência nunca antes vista. Não somos robôs. Não carregamos num botão e, de repente, volta tudo ao normal", salienta.
Ora, o Piedade nunca quis obter vantagens na secretaria nem o fará quanto à pandemia da Covid-19 e Edgar Rodrigues insiste na mesma tecla: proteger as vidas das pessoas sobrepõe-se à conclusão dos campeonatos.
"Nunca nos quisemos aproveitar do coronavírus para continuar na Segunda Liga. Acreditamos piamente que conseguiremos resolver isto dentro do relvado mas perante esta situação a manutenção da vida das pessoas é superior a qualquer interesse", conclui.