A enviada especial das Nações Unidas a Myanmar, Noeleen Heyzer, pediu um cessar-fogo no país durante as comemorações de Ano Novo.
O país do sudeste asiático tem sido palco de protestos e outros atos de desobediência civil, desde o golpe militar de 1 de fevereiro, contra o Governo eleito de Aung San Suu Kyi, quando estava a começar o seu segundo mandato.
Em comunicado, Noeleen Heyzer pede o cessar-fogo como uma forma de “os grupos envolvidos no conflito garantirem que o direito internacional é respeitado, em especial no âmbito da proteção civil, para garantir a deslocação das pessoas e o acesso humanitário aos necessitados”.
Um pedido que surge depois de um outro do subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, que, no domingo, tinha apelado ao fim imediato da violência e à investigação dos ataques a civis.
Entre os casos referidos, estão o desaparecimento de dois funcionários da organização humanitária Save The Children e o assassinato de, pelo menos, 35 pessoas no estado de Kayah.
A Igreja Católica em Myanmar também condenou o “massacre” ocorrido na véspera do Natal e, em comunicado, o cardeal Charles Maung Bo, classificou-o de “atrocidade dolorosa e horrível”.
A enviada especial da ONU diz-se “profundamente preocupada com o aumento da violência em estados como Kayin, o que tem resultado na saída de milhares de civis, muitos dos quais em busca de proteção e assistência”.
“O povo de Myanmar já sofreu profundamente e a situação socioeconómica e humanitária foi agravada pela pandemia Covi-19”, refere a enviada especial das Nações Unidas, acrescentando que “aqueles que infligem sofrimento ao seu próprio povo deveriam silenciar as armas e proteger as pessoas, durante estes tempos difíceis”, porque “o futuro das crianças depende disso”.
A enviada especial reforça o apelo do Conselho de Segurança da ONU para que todas as partes se esforcem ao máximo para encontrarem uma solução pacífica para o conflito e que responda aos interesses do povo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, nomeou, em outubro, Noeleen Heyzer como sua enviada especial a Myanmar, sucedendo a Christine Shraner Burgener, que ocupava o cargo desde abril de 2018.