O vice-presidente de transição no Mali, o coronel Assimi Goita, anunciou esta terça-feira que demitiu o seu superior, o Presidente Bah Ndaw, bem como o primeiro-ministro, Moctar Ouané, assegurando que "o processo de transição continua o seu curso" e que haverá eleições em 2022.
Numa declaração lida na televisão nacional, Goita, que liderou o golpe militar de agosto de 2020, tentou dar uma ideia de normalidade convidando o povo maliano a "continuar livremente com as suas ocupações".
O coronel insistiu no "compromisso infalível" das forças armadas do Mali em defender a segurança do país, mas não indicou pormenores sobre o paradeiro do Presidente e primeiro-ministro, detidos na segunda-feira.
Após várias horas de expetativa desde a detenção de Ndaw e Ouané, o comunicado do vice-presidente Goita explica que as razões desta ação resultam de uma "crise de muitos meses a nível nacional", em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por atores sociais e políticos.
A detenção de Ndaw e Ouané ocorreu horas após o anúncio da composição de um novo governo formado pelo primeiro-ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre os líderes do golpe militar pela exclusão de dois comandantes militares.
Assimi Goita indicou também que "o processo de transição seguirá o seu curso normal e que as eleições planeadas se realizarão durante 2022".
O coronel Goita, chefe dos militares que derrubaram o presidente eleito Ibrahim Boubacar Keita a 18 de agosto de 2020, culpou o Presidente Bah Ndaw e o primeiro-ministro Moctar Ouane pela formação de um novo governo sem o consultar previamente, apesar de ser o responsável pela Defesa e Segurança, áreas cruciais no país.
"Tal movimento demonstra um claro desejo por parte do Presidente e do primeiro-ministro transitórios de violar a carta transitória (...), com uma clara intenção de sabotar a transição", disse.
A carta, redigida em grande parte pelos coronéis, é um texto de referência da transição que supostamente irá trazer os civis de volta ao poder.
O coronel Goita disse que, neste contexto, foi "obrigado a agir" e a destituir das "suas prerrogativas" o Presidente, o primeiro-ministro e todos os envolvidos nesta situação.