A chanceler alemã alertou para possíveis conflitos armados nos Balcãs, por onde passa a maioria dos refugiados, perante a hipótese de a Alemanha vir a encerrar a sua fronteira com a Áustria.
"Nos últimos tempos, a tensão entre os países ocidentais dos Balcãs já se começou a sentir não queremos que esses conflitos cheguem a confrontos militares", afirmou Angela Merkel.
Vários especialistas têm alertado que, se a Alemanha – principal destino dos migrantes, em especial dos que fogem da guerra na Síria -, fechar a sua fronteira com a Áustria, os países dos Balcãs vão acabar por fazer o mesmo.
No final de Outubro, a União Europeia (EU) anunciou a criação de 100 mil vagas para acolher refugiados na Grécia e nos Balcãs, a fim de conter a crise migratória sem precedentes que provocou tensões entre a Eslovénia, Croácia, Sérvia e Hungria.
Dentro da Alemanha, a questão dos refugiados também está a dividir a coligação conservadores/social-democratas, que não conseguiu chegar a acordo na reunião realizada no passado domingo.
Entretanto, está marcada uma nova ronda de negociações para quinta-feira, que se deverá debruçar na criação, imaginada pelos conservadores, de "zonas de trânsito" na fronteira germano-austríaca para acelerar a revisão dos registos e despejos, uma ideia já rejeitada pelo Partido Social Democrata.
Merkel garantiu que, caso a reunião não culmine em acordo, que vão continuar a negociar. "Esta não é a primeira vez que temos de convencer os social-democratas da justeza das coisas", afirmou.
A pior crise europeia de movimentação de pessoas desde a II Guerra Mundial arrisca desencadear "mudanças tectónicas", já preveniu o presidente do Conselho Europeu.
Mais de 218 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo para a Europa, em Outubro, o que representa um recorde mensal e quase o mesmo número de travessias registado no ano passado, anunciou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
A mesma organização estima que, entre este ano e o próximo, 1,4 milhões de pessoas atravessem o Mediterrâneo em busca de segurança e protecção.
E surgem novos muros
A Áustria anunciou que vai erguer uma cerca ao longo da sua fronteira com a Eslovénia para controlar o fluxo migratório.
Mas este não é o primeiro. As autoridades húngaras começaram a 13 de Julho a erguer um muro de quatro metros de altura que deverá prolongar-se pelos 175 quilómetros da fronteira entre a Hungria e a Sérvia.
Já o governo búlgaro começou a reforçar o controlo da sua fronteira com a Turquia em 2014. Uma das medidas foi a construção de um muro com cerca de 160 quilómetros ao longo da linha fronteiriça.
Mais recente é a vedação de 1,5 quilómetros em Calais, no Norte de França, ao longo da entrada para o Canal da Mancha e que vai dar ao sul de Inglaterra. A estrutura, com pouco menos de quatro metros de altura, é temporária e será aumentada. O Reino Unido está a planear gastar cerca de 31 milhões de euros em novas vedações.