O secretário-geral do PCP considera que só intervindo no ordenamento da floresta se poderá evitar incêndios com a dimensão do que lavrou em Monchique durante uma semana e apelou à continuidade do esforço de prevenção e combate.
Jerónimo de Sousa falava no sítio da Pedreira, em Silves, um dos três concelhos do distrito de Faro, juntamente com Monchique e Portimão, afetados pelo fogo que deflagrou em 3 de agosto e foi dominado uma semana depois, causando 41 feridos, um em estado grave.
O dirigente visitou vários pontos do município afetados pelas chamas, na companhia da presidente da Câmara, Rosa Palma (CDU), e outros eleitos municipais e militantes do partido.
O secretário-geral do PCP ouviu a presidente da autarquia e o comandante municipal da Proteção Civil de Silves, Nelson Correia, dizer que arderam aproximadamente 10.000 hectares no concelho, mas sem primeiras habitações afetadas, e disse depois que "a tragédia não foi maior porque esta autarquia tomou medidas em relação aos caminhos, aos aceiros, e procurou de facto tomar as medidas de prevenção" atempadamente.
"Vai ser necessário fazer uma avaliação, mas não é tempo de desativar as medidas de prevenção e combate, na medida em que, como é conhecido, as condições climáticas estão longe de melhorar nos próximos tempos, segundo os anúncios da meteorologia, e por isso é preciso manter atenção sobre estas zonas que continuam em aviso vermelho", apelou Jerónimo de Sousa.
O comunista destacou também a necessidade de uma avaliação "visando melhorar particularmente a coordenação das forças que estão envolvidas neste combate aos fogos, nas quais não são dispensáveis a ação das autarquias, naturalmente, dos bombeiros, particularmente os que aqui estão colocados, porque conhecem o terreno, conhecem a realidade, conhecem a população e são de facto insubstituíveis e indispensáveis no combate aos incêndios".
Jerónimo de Sousa qualificou ainda como "fundamental" a questão do ordenamento do território e considerou que "não é preciso ser nenhum especialista" para perceber que resolver or problemas nesta área e no ordenamento da floresta e do mundo rural é imprescindível para o país não se limitar a "correr atrás do prejuízo".
Questionado sobre a possibilidade de haver uma comissão parlamentar para analisar a época de fogos, Jerónimo de Sousa disse que "não tem sido por falta de comissões" que os problemas não se resolvem.
De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas consumiram neste incêndio do Algarve cerca de 27.635 hectares.