O PCP fez esta terça-feira um balanço "particularmente preocupante" da "situação social e económica" um ano depois do início da epidemia de Covid-19, com "milhares de despedimentos, salários em atraso", e insistiu no reforço da vacinação.
Num comunicado divulgado após a reunião de especialistas e políticos no Infarmed, em Lisboa, sobre a situação epidemiológica, o dirigente comunista Jorge Pires insistiu em "medidas imediatas que garantam a dinamização da atividade social, económica, cultural e desportiva", tendo em conta as "condições de segurança sanitária".
Não é dita uma palavra sobre a possibilidade, já admitida pelo Presidente da República, revelada por João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, de que Marcelo Rebelo de Sousa não vai propor novo estado de emergência, contra o qual o PCP tem vindo a votar nas últimas renovações, no parlamento.
No entanto, numa referência indireta ao estado de emergência, os comunistas consideram que, "perante a situação económica e social que o país atravessa e a evolução verificada nos indicadores da epidemia, não há nenhuma justificação para continuar com medidas restritivas que impedem o normal funcionamento da vida social, económica, cultural e desportiva".
Tendo em conta "os indicadores anunciados hoje", Jorge Pires afirmou que se confirma o que o "PCP há muito reclama" como "solução mais sólida e eficaz no combate à covid-19" – a "vacinação rápida de todos", a "testagem massiva" e o "rastreio de todos os novos casos".
"Insistimos que para que este objetivo possa ser atingido o Governo deve assegurar a diversificação da aquisição de vacinas já referenciadas pela OMS, e recrutar os profissionais necessários", segundo o comunicado de Jorge Pires, distribuído em vídeo pelo gabinete de imprensa do PCP.
Para os comunistas, "a solução não é continuar com uma estratégia de "confinar, desconfinar, voltar a confinar", mas assegurar medidas imediatas que garantam a dinamização da atividade social, económica, cultural e desportiva, estabelecidas que sejam as condições de segurança sanitária".
E alertam que não "pode mais ser escondido o crescente sentimento de rejeição por parte dos trabalhadores e das populações das medidas restritivas" associadas ao estado de emergência.
Mais de um ano "após os primeiros casos de Covid-19" em Portugal, o PCP afirmou que "a evolução da situação social e económica é particularmente preocupante" tendo em conta o "encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas, os problemas que atingem os setores mais vulneráveis da população, o crescimento acelerado dos níveis do desemprego, milhares de despedimentos, salários em atraso".
Urgente, segundo Jorge Pires, é que "sejam postas em prática as medidas aprovadas e inscritas no Orçamento do Estado particularmente as dirigidas a setores mais fustigados pela epidemia e por impactos anteriores como é o caso do turismo, da restauração, da hotelaria e da cultura e aos milhares de trabalhadores e micro, pequenos e médios empresários".
O Presidente da República vai falar ao país esta terça-feira, pelas 20h00, depois de ouvir os partidos sobre o possível fim do estado de emergência, que já disse esperar que terminasse no fim deste mês.
A última etapa do plano de desconfinamento do Governo está prevista para a próxima segunda-feira, 3 de maio.
Portugal regista esta terça-feira cinco mortes atribuídas à Covid-19, 353 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 e uma nova redução do número de internamentos em enfermaria e cuidados intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim da DGS estão hoje internados em enfermaria 346 doentes, menos 19 em relação a segunda-feira, e 86 em unidades de cuidados intensivos, menos cinco.
Desde o início da pandemia Portugal já contabilizou 834.991 casos confirmados e 16.970 óbitos.