O que podem esperar trabalhadores e patrões? Consultora traça cenários para a pandemia de coronavírus
23-03-2020 - 18:30
 • Sandra Afonso

A nível mundial, têm sido descritos três cenários distintos: surtos frequentes, pico inicial e pico retardado. A consultora PWC resume o impacto na economia e trabalhadores, em cada uma destas situações, partindo do princípio que, a partir de junho do próximo ano, estará disponível uma vacina.

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A consultora PWC traça cenários para a evolução da pandemia de coronavírus, mas tudo depende das medidas tomadas e da resposta da população.

A nível mundial, têm sido descritos três cenários distintos: surtos frequentes, pico inicial e pico retardado. A consultora PWC resume o impacto na economia e trabalhadores, em cada uma destas situações, partindo do princípio que, a partir de junho do próximo ano, estará disponível uma vacina.

No primeiro cenário, os focos são contínuos, mas contidos, através das respostas governamentais. O rastreio e a quarentena evitam o aumento rápido de casos, mas nem todos são detetados, o que permite a propagação, ainda que a uma frequência reduzida.

Os casos pré-sintomáticos e ligeiros impedem a contenção completa do vírus, até que esteja disponível uma vacina.

Neste cenário, aumenta o trabalho à distância e as restrições às viagens. Com a redução da produção nos países afetados, há constrangimentos na cadeia de abastecimentos. Toda esta incerteza tem um “impacto a longo prazo” nos mercados, que afeta de forma significativa os países mais atingidos pela pandemia.

Esta situação deverá arrastar-se por 12 a 18 meses, não sendo possível prever a ocorrência dos picos.

No cenário 2, onde o Governo nos coloca, regista-se um rápido aumento dos casos, com um pico no segundo trimestre, entre abril e junho de 2020. Segundo o executivo de António Costa, será entre 9 e 14 de abril.

Este cenário assume as medidas já acionadas em Portugal, o isolamento e a quarentena, mas sem distanciamento social, o que aconteceu até ser decretado o Estado de Emergência.

Os casos atingem o pico no Verão e entram de seguida em declínio, “à medida que os níveis de imunidade da população aumentam”.

O sistema de saúde não tem capacidade para o volume de casos graves que se acumulam. Dependendo da sazonalidade, é possível que ocorram novos picos do vírus.

Também neste cenário aumenta o teletrabalho, agravam-se as restrições às viagens e sobe a mortalidade e incapacidade entre trabalhadores.

As cadeias de abastecimento são afetadas pela escassez de alguns bens, os mercados são afetados a longo prazo. Este cenário deverá prolongar-se por 12 a 18 meses, atingindo o pico dentro de três meses.

No terceiro cenário, as medidas de saúde pública travam a subida acentuada do pico de casos, em vez disso, prolonga-se por mais tempo.

Aqui as ações de rastreio e os controlos de distanciamento da população são mais eficazes e o impacto da pandemia nos sistemas de saúde é menor.

Ainda assim, mantêm-se o aumento do teletrabalho, das restrições às viagens e a doença e mortalidade entre os trabalhadores.

Há falta de bens a nível global, nas cadeias de abastecimento. Na economia, aumenta o risco de uma recessão global, dependendo da duração e gravidade da pandemia – neste cenário a incerteza é maior do que com um pico inicial.

Mais uma vez, deverá prolongar-se por 12 a 18 meses, atingindo o pico (mais baixo) em 6 a 9 meses.