O presidente da CMVM, Luís Laginha, defendeu esta terça-feira que são precisas empresas grandes, pelo que se deve pôr fim à ideia de que leva a que a opção racional “pareça ser ficar eternamente” micro, pequeno ou médio.
Luís Laginha de Sousa, presidente do Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), falava na sessão de abertura da conferência anual desta instituição, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, quando defendeu a importância da “confiança” para a dinamização do mercado de capitais.
“Nós precisamos, e muito, de ter também empresas grandes e muito grandes. A sensação com que se fica é a de existir uma linha imaginária definida pela dimensão das empresas”, disse.
Para Luís Laginha de Sousa, “abaixo dessa linha, as empresas são virtuosas por serem micro, pequenas e médias e, acima dessa linha, quando se tornam grandes, as empresas perdem todas as virtudes”.
“É fundamental eliminar o enviesamento que leva a que a opção racional pareça ser ficar eternamente micro, pequeno ou médio. Esta perspetiva está profundamente errada porque a escala é um dos elementos imprescindíveis à competitividade”, considerou.
O responsável da CMVM defendeu que a escala permite a especialização, que por sua vez permite melhorar a produtividade, o que terá consequências na melhoria de remunerações quer para o capital, quer para o trabalho.
Luís Laginha de Sousa recordou que a proporção dos empréstimos bancários no total da dívida das empresas portuguesas no final de 2022 era de 62%, enquanto a de títulos de dívida era de 12%.
Defendeu que “o capital não tem pátria, mas a pátria pode atrair capital” e que “o capital não é em si mesmo negativo, contrariamente ao que muitas vezes se quer fazer crer”.
“Quando o capital é gerado ou obtido de forma honesta e usado para gerar valor, criar emprego, trazer produtos e serviços melhores e mais acessíveis a todos, desenvolver energias mais limpas, promover mais riqueza e mais acesso a essa riqueza, creio que dificilmente poderemos ter uma perspetiva negativa face ao mesmo”, disse.
O presidente do supervisor garantiu ainda que a CMVM está “absolutamente dedicada a promover a proteção dos interesses dos investidores” e comprometida em promover “uma maior proximidade com os investidores”.