A candidata presidencial Marisa Matias afirmou, no Funchal, que os portugueses vão decidir, nas eleições de 24 de Janeiro, se querem prosseguir a mudança de ciclo iniciada nas legislativas de Outubro ou "matá-la no berço".
"Este ciclo de esperança que vivemos foi iniciado pela vontade dos portugueses e das portuguesas que quiseram ir contra o ciclo de empobrecimento e de austeridade, por isso, nestas eleições, nós vamos decidir se queremos ter uma presidente a ajudar a esta mudança ou se vamos ter um presidente que quer matá-la no berço", disse, sublinhando que esta é a "questão essencial" das presidenciais.
Marisa Matias participou num almoço/comício que reuniu algumas centenas de apoiantes e simpatizantes e no qual esteve presente a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, partido que apoia a sua candidatura.
A candidata presidencial recusou a ideia de que as eleições de 24 de Janeiro estejam ganhas à partida pelo candidato Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando que o "povo soberano" é que vai decidir se quer um presidente ligado às elites económicas ou uma presidente que esteja do lado dos mais desfavorecidos.
"Nós precisamos de uma Presidente da República para os momentos difíceis, porque é nos momentos difíceis que conta a posição do Presidente da República", disse, realçando que "temos de ter uma Presidente da República que sabe de que lado está, se está do lado dos mais desfavorecidos, ou se está do lado das elites económicas que sempre foram protegidas".
Marisa Matias salientou, ainda, que os portugueses precisam de um Presidente da República que "não se esconda no silêncio", nem na "muralha do palácio" quando as pessoas mais precisaram, ficando indiferente à "saída de 500 mil pessoas em do país em quatro anos, as mesmas que jurou defender quando jurou defender a Constituição".
A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda garantiu que, consigo na Presidência da República, Portugal será um país onde caberá toda a gente e não apenas os interesses económicos, considerando que "não podemos permitir que numa tarde haja três mil milhões de euros disponíveis para o Banif e em quatro anos não tivesse havido três mil milhões de euros para o Sistema Nacional de Saúde".
Marisa Matias, que escolheu iniciar a campanha eleitoral na Madeira por uma questão de "coesão nacional", assegurou que as suas decisões terão sempre em conta os mais desfavorecidos e afectados pela austeridade.
"Comigo, em cada decisão estará o peso e a responsabilidade de um milhão de desempregados neste país; em cada decisão estará o peso e a responsabilidade de tantos e tantas que têm um emprego precário; comigo em cada decisão estará o peso e a responsabilidade dos que têm vidas tão precárias a quem a dignidade não chega e não toca; comigo em cada decisão estará o peso e a responsabilidade de quem é obrigado a escolher no final do mês se compra os medicamentos ou se come uma refeição decente; comigo em cada decisão estará o peso e a responsabilidade das famílias separadas pela emigração forçada", realçou.