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Desde a semana passada que a maior parte das clínicas dentárias estão a abrir portas, embora com condicionamentos. O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, explica à Renascença que “os tratamentos estão todos a ser efetuados e não há qualquer exclusão de tratamentos. Têm é procedimentos diferentes e adequados ao tipo de intervenção necessária, novas regras em função do doente”.
A Renascença sabe que há clínicas a cobrar mais 15 a 20 euros na fatura para kits de proteção. Em alguns casos os consultórios estão a ligar para casa das pessoas que já faziam tratamentos regulares a informar desse novo custo, noutros a surpresa chega na hora de pagar.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas explica que “deve ser levado em conta na fixação de honorários a diferenciação do médico, dos atos clínicos, a complexidade do tratamento, o tempo gasto e os custos inerentes de proteção, as instalações, e ainda o pessoal auxiliar”, sublinhado que, “evidentemente, nesta fase há mais custos inerentes à pandemia e devem ser refletidos nos honorários e nas tabelas”.
De uma coisa não tem dúvidas, “os doentes devem ser previamente informados sobre os custos em questão. Qual o valor destes custos? Depende de diversas situações, do tipo de doente”, explica.
Quanto a possíveis aproveitamentos ilegais, Orlando Monteiro da Silva espera que “uma situação destas nunca possa acontecer. Seria um comportamento indigno de um médico dentista”.
“O nosso Conselho Deontológico está atento a aproveitamentos de uma situação deste género. Apesar das dificuldades que vivemos temos de adaptar os honorários à situação atual. Até à data não tenho queixas de aproveitamentos das clínicas”, sublinha. O bastonário garante que situações de aproveitamento vão merecer a devida resposta.
Para os consultórios dos médicos dentistas não há tabelas com referências de preços mínimos e máximos. “São proibidas nesta área de atividade, mas estão afixadas nos consultórios”. Espera-se bom senso de cada profissional.
O que muda na ida ao dentista
Os consultórios dos dentistas reabriram com algumas mudanças devido à pandemia de Covid-19. Agora, o utente deverá responder a um questionário, via telefónica. Muitas clínicas podem recusar atender uma ida direta ao consultório sem triagem prévia.
No fundo, explica o bastonário da Ordem dos Dentistas, “para saber se estiveram em contacto com alguém infetado, sem têm sintomas. É um questionário padronizado”.
As pessoas devem ir ao consultório com máscara. A clínica assegura-se que o número de pessoas na sala de espera é o adequado, para que as consultas sejam programadas de outra forma.
“E esses custos devem ser refletidos na fatura. Os honorários devem ser aumentados. É preciso amortizar equipamentos e novas metodologias”, que, sublinha, não permitem o atendimento de tantas pessoas por dia.
Já era normal o uso de óculos, viseiras, toucas, mas não de forma generalizada. “Neste momento, há um conjunto de regras e equipamentos diferentes conforme as situações. É muito diferente fazer a observação clínica de um doente do que outro tipo de tratamento mais complexo”, explica.
Setor queixa-se da falta de ajudas
Se em termos de saúde pública o bastonário considera que o Ministério da Saúde esteve bem, em matéria de apoio económico afirma que “tem estado muito aquém do desejável”.
A redução do IVA do material de proteção individual e o “lay-off” ajudaram em algumas situações, poucas. Orlando Monteiro da Silva explica que uma profissão liberal tão importante ficou sem apoios e os que existem são positivos, mas não resolvem o problema. “Devia haver um subsídio a fundo perdido para dar fonte de rendimento provisório durante a pandemia a estes profissionais”, defende.
Ao todo são cerca de 10 mil médicos dentistas e 30 mil empregados ligados ao setor, que estão agora a retomar a atividade em tempo de pandemia de Covid-19.