O bispo do Porto acredita que ainda não é o tempo certo para pôr fim ao celibato.
D. Manuel Linda considera o celibato na Igreja Católica “ainda muito útil” nos tempos que correm.
“Da mesma forma que o celibato veio, também pode desaparecer. Na minha opinião acho que ainda é muito útil nos tempos de hoje”, diz o bispo.
“Julgo que os tempos ainda não estão maduros para acabar com ele”, acrescentou.
O tema do celibato está no centro das atenções numa altura em que o Papa Francisco prepara um documento em que terá de decidir se aceita ou não a recomendação dos bispos do sínodo sobre a Amazónia de se proceder à ordenação de homens casados naquela região, para fazer face à escassez de padres e permitir assim que as comunidades mais longínquas tenham acesso regular aos sacramentos.
Esta semana surgiu um livro atribuído alegadamente ao cardeal Robert Sarah e ao Papa emérito Bento XVI que faz uma defesa da disciplina do celibato obrigatório. O livro gerou polémica pela escolha da data para publicação, levando a acreditar que se tratava de uma forma de pressionar Francisco, mas também porque no dia depois do anúncio formal da publicação da obra o Papa Bento XVI disse, através do seu secretário pessoal, que não tinha autorizado a que o seu nome aparecesse como coautor da obra.
O bispo do Porto afirma que não acompanhou esta polémica que não considera “tão dramática quanto isso”.
“Esta problemática sobre o Papa emérito não a acompanhei. É preciso saber se ele tem culpas no cartório. Se ele diz que não deu autorização para que o seu nome apareça, logicamente ele deve saber porquê.”
“Mas, não acompanhei a problemática que não é tão dramática quanto isso”, concluiu D. Manuel Linda, à margem de um encontro com alunos da secundária, em Penafiel, sobre “os desafios que se colocam aos jovens em Portugal e na europa”.
O celibato é obrigatório para os sacerdotes católicos de rito latino. Existem, contudo, milhares de padres de ritos católicos orientais, mas em plena comunhão com Roma, que são casados. Há ainda centenas de padres casados de rito latino que eram sacerdotes de igrejas anglicanas ou luteranas mas pediram para entrar para a Igreja Católica, tendo sido ordenados apesar de serem casados. Seja na tradição latina ou oriental os padres casados não são ordenados bispos.
A decisão a tomar agora pelo Papa Francisco, de eventualmente ordenar homens casados, dirá respeito apenas à área da Amazónia.