A Associação Académica de Lisboa (AAL) e a Federação Académica do Porto (FAP) pediram hoje ao Governo o encerramento das escolas e faculdades e a garantia de refeições de ação social para alunos mais carenciados.
O Governo vai decidir hoje, em Conselho de Ministros, o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, do Básico ao Superior, com efeitos a partir de sexta-feira.
Hoje, em comunicado, a AAL diz estar preocupada com a situação que se vive na comunidade estudantil devido à evolução da pandemia de Covid-19.
“A Académica de Lisboa vem como representante dos estudantes pedir explicações ao Governo da República sobre o porquê da demora na tomada de decisão em relação ao fecho das escolas e faculdades esta sexta-feira (…)”, sublinham na nota.
No entendimento da Associação, o Governo seguiu as opiniões e sugestões dos especialistas, como regularizar todos os problemas que se encontram por tratar: a falta de acesso à internet e às tecnologias necessárias, e juntamente com as autarquias e instituições do ensino superior, garantir que nenhum estudante seja vedado da refeição de ação social.
“Preocupa-nos que não haja a mesma vontade da tutela ao aplicar as medidas do combate à pandemia para os estudantes, assim como para a restante população. Neste momento pandémico é sabido que a camada jovem dos 18-24 representa o maior número de infeções diárias assim como a camada dos 13-17”, é realçado.
A Associação lembra que “há milhares de estudantes doentes, muitos deles poderão vir a desenvolver problemas crónicos ou correr risco de vida, e possivelmente dezenas ou centenas de milhares em isolamento profilático a sacrificarem o seu desempenho académico”.
Na nota, a Associação recorda também que no ano passado defendeu junto do Secretário de estado do Ensino Superior que as aulas deviam ser em regime misto, alertando para a possibilidade de a situação pandémica piorar e que por causa disso o regime presencial deveria ser limitado.
“Na nossa visão, as aulas práticas que são impossíveis de se realizar e serem avaliadas à distância poderiam ser efetuadas presencialmente, sendo o resto on-line”, salientam os estudantes.
Também a Federação Académica do Porto (FAP) apelou hoje ao Governo em comunicado o encerramento das instituições de Ensino Superior, garantindo a segurança de todos.
“Tendo em conta o contexto extremo que o país atravessa, a FAP reforça a necessidade de encerrar os estabelecimentos de Ensino Superior, salvaguardando a saúde de toda a comunidade académica, das suas famílias e a proteção do Serviço Nacional de Saúde, que está em colapso”, afirma a Presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, citada na nota.
Na opinião da FAP, o “ensino superior tem um número elevado de estudantes deslocados, colocando-os na rua e em transportes públicos, o que pode traduzir-se num risco, quer para os mesmos, quer para o seu agregado familiar ou colegas de residência/casa”.
Por isso defendem que deve ser garantido o acompanhamento dos estudantes, a nível académico, social e económico.
“Nenhum estudante pode ser deixado para trás por falta de meios tecnológicos. Reforçar os serviços de apoio psicológico é também uma prioridade”, refere ainda a FAP.
O Governo vai decidir hoje, em Conselho de Ministros, o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, do Básico ao Superior, com efeitos a partir de sexta-feira, disse à agência uma fonte do executivo.
"A informação que o Governo recebeu na quarta-feira, após reunião com epidemiologistas, foi considerada muito relevante e determinante para a decisão, tendo em conta o crescimento da variante britânica do novo coronavírus em Portugal", salientou a mesma fonte.
Com esta medida, o objetivo principal do Governo, "é isolar todo o sistema escolar", já que, "não havendo aulas, evita-se que as pessoas sejam forçadas a sair de casa".
Portugal registou na quarta-feira 219 mortes relacionadas com a Covid-19 e 14.647 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim da DGS, estão internadas 5.493 pessoas internadas, mais 202 do que na terça-feira, das quais 681 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 11, dois valores que também representam novos máximos da fase pandémica.
O número de internamentos está a subir desde o dia 1 de janeiro, dia em que estavam 2.806 pessoas internadas.