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Os motoristas de transportes internacionais estão preocupados com a propagação da Covid-19. Fazem longas viagens sem qualquer controlo, têm que contactar com muitas pessoas e temem pelas suas vidas e a dos seus familiares.
Na área de descanso de Vidago, em Chaves, a Renascença encontrou Filipe Teixeira, de 24 anos. Vem de Espanha, onde carregou cimento para a barragem de Ribeira de Pena.
“Estou muito preocupado. Em Espanha já são muitos casos e continua a não haver controlo nenhum. Estamos a correr muitos riscos, porque, além de podermos ser contaminados, podemos transmitir aos outros”, diz. Para se precaver, e como medida de proteção, no camião “não faltam as toalhitas, o álcool e as máscaras”.
Também Jerónimo Teixeira, de 45 anos, vem de Espanha, e conta que o preocupa “ter que contactar com as pessoas e não saber se estão infetadas”. Como medida de prevenção usa “máscara, luvas, álcool” e evita falar com as pessoas. Para este motorista, é “inacreditável que não haja qualquer controlo na fronteira”, referindo que no percurso de Valência até Vidago não encontrou qualquer força de segurança.
À espera de abastecer, o motorista José Santos, de 43 anos, considera que “as autoridades estão a ser muito brandas” e que “mais valia parar tudo para curarem os doentes e não andarem uns a contagiar os outros”.
Também o motorista Hélder Matos, que transporta umas vezes géneros alimentícios e outras lixo, manifesta grande preocupação face à propagação da Covid-19.
“Isto é muito perigoso e ninguém está livre de contrair a doença, por mais cuidado que tenha”, observa o jovem que assegura “seguir à risca as medidas da DGS”. “Além de lavar as mãos com muita frequência e de manter sempre a distância de segurança no contacto com outras pessoas, até uso máscara”, conta.
Já Augusto Alves, de 50 anos, diz não perceber a “falta de controlo nas entradas do país”, o que pode fazer com que “as pessoas que estão infetadas circulem de um lado para o outro e vão contaminar outros”.
Menos preocupado parece estar o francês Hermenegildo. Vem de Léon, com destino a Coimbra, onde vai descarregar a mercadoria, neste caso batata. Não passou por qualquer controlo e diz não ser necessário, porque “estamos a falar de uma gripe”. “Eu não acredito que seja assim tão perigoso e o que me importa é trabalhar para ganhar a vida”, diz à Renascença.
O controlo das fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha vai passar a ser feito a partir das 23h00 desta segunda-feira.
Segundo explicou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, em conferência de imprensa em Lisboa, somente nove pontos de fronteira (Valença, Vilaverde, Quintanilha, Vilar Formoso, Termas de Monfortinho, Marvão, Caia, Vilaverde de Ficalho e Vila Real de Santo António) vão estar em funcionamento, sendo apenas “autorizada a circulação de veículos de mercadoria, de cidadãos nacionais ou de residentes em Portugal, tal como residentes em Espanha no sentido contrario, pessoal diplomático, e para acesso a cuidados de saúde”.