Muita e boa música, diversas atividades para ajudar a passar o tempo e orações são algumas das iniciativas que acontecem à distância, proporcionadas pelos jovens voluntários aos utentes das Casas de Saúde das Irmãs e dos Irmãos Hospitaleiros, devido às restrições impostas pelas autoridades de saúde por causa da Covid-19.
Para não se sentirem esquecidos e abandonados pelo facto dos jovens hospitaleiros não poderem estar próximos dos utentes das Casas de Saúde, os voluntários têm arranjado várias estratégias para conseguir estar mais próximos destas pessoas com doença mental.
As plataformas digitais têm ajudado - e muito - nesta tarefa, permitindo que voluntários e utentes estejam em contacto "de uma forma diferente, mas especial".
Nestes encontros não falta o diálogo, a boa disposição e também as muitas atividades e a animação musical.
Joana Alves, uma das jovens hospitaleiras, diz que a "boa música não falta, não faltam os discos pedidos, um karaoke, uma pequena dançinha do outro lado do computador".
Há ainda um bingo diferente que "os utentes têm gostado imenso, que é um bingo que em cada número há uma rima, ou há uma curiosidade ou uma conta para nos mantermos ativos e também pormos um bocadinho a cabeça a funcionar. Temos também um 'Quem quer ser milionário' criado por nós, em que fazemos equipas juntando os jovens e os utentes". As atividades terminam sempre "com uma oração, porque é assim que deve ser e porque os utentes gostam imenso desses momentos e de partilhar esses momentos connosco".
Outra iniciativa que têm são as chamadas 'cartas de amor', uma maneira de estarem mais perto dos que que estão longe, por causa do distanciamento social a que são obrigados.
Gostariam ainda de voltar a fazer as serenatas, "porque os utentes recordam com muito carinho e com muitas saudades dos momentos em que os jovens voluntários faziam um grande grupo e entravámos pelo edifício da unidade com uma viola nos braços e a cantarmos todos juntos, (...) rapidamente fazíamos uma roda onde todos cantávamos e dançávamos". Joana Alves sublinha que "para já não há datas, mas estamos ansiosos por podermos cantar novamente para os nossos utentes".
Estas pessoas com doença mental, já fazem parte da família hospitaleira, e "acabam por ser como uma inspiração" para estes jovens que destacam "a forma otimista como eles vivem, que é a forma desafiadora como vivem a vida, sempre prontos para lutar".
Com toda esta experiência, os jovens voluntários admitem que "recebemos muito mais do que aquilo que damos. Saímos de lá com novas aprendizagens sobre a vida, sobre aquele mundo, aquela realidade, sobre alguns valores e coisas importantes que são aplicáveis na nossa vida: a simplicidade, a humildade, o não ter medo de pedir ajuda, estar lá para o próximo, o amor, a partilha, o serviço, e isso, sim, é importante e isso faz a diferença em nós".
Para esta jovem hospitaleira, é fundamental "o facto de nós podermos conhecer e aprender um bocadinho mais sobre a doença mental, como evolui, como se pode tratar, como é o dia-a-dia de quem tem uma doença destas, ver a forma como uma pessoa pode ser reintegrada na sociedade apesar da doença e da sua limitação".
Por isso, defende que "é importante que os utentes se sintam parte da sociedade e não de parte pela sociedade".
A Juventude Hospitaleira é um movimento fundado pelas Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e pelos Irmãos de S. João de Deus com o propósito de levar aos jovens o mundo da hospitalidade.