As forças dos EUA e a NATO vão entregar ao Afeganistão equipamentos e instalações militares, avaliados em mil milhões de dólares, ao longo dos quatro meses do seu processo de retirada, após quase 20 anos a combater no país.
"Todo o equipamento atual que é transferível, avaliado em mil milhões de dólares [cerca de 827 milhões de euros], será entregue às forças de segurança afegãs durante a fase de retirada", disse hoje o conselheiro de segurança nacional afegão, Hamdullah Mohib, numa conferência de imprensa em Cabul.
Este acordo sobre o equipamento "transferível" faz parte das negociações com as forças dos EUA e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), no âmbito dos preparativos da coligação internacional para se retirar do país, em inícios de setembro.
Segundo o assessor, os equipamentos e as instalações das forças norte-americanas considerados "intransferíveis" serão desmantelados pelas forças estrangeiras antes da retirada.
O Ministério da Defesa afegão informou hoje que assumiu a responsabilidade sobre todas as bases estrangeiras no país, exceto as grandes bases na província de Balkh (norte), a base de Bagram em Parwan (leste) e a base das forças da NATO em Cabul.
"As forças dos EUA e da NATO têm atualmente presença ativa apenas em Mazar-e-Sharif (em Balkh), Bagram e Cabul. Em todas as restantes áreas assumimos a responsabilidade e apenas pequenos grupos de tropas estrangeiras permanecem nessas áreas para coordenação", disse o ministro da Defesa afegão, general Yasin Zia, aos jornalistas.
Segundo referiu, em algumas áreas as instalações estão a ser remodeladas e outras estão a ser desmanteladas, porque "não é necessário mantê-las todas".
De acordo com o plano traçado, "as bases de Bagram e Cabul serão as últimas a serem entregues às forças afegãs", acrescentou.
De acordo com Hamdullah Mohib, nos próximos meses prévios à retirada as forças estrangeiras irão focar-se na formação das tropas locais para preencher "lacunas técnicas", particularmente da Força Aérea Afegã, que tem 163 aviões militares.
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou há uma semana a intenção de retirar os cerca de 3.500 soldados norte-americanos do Afeganistão, após analisar durante semanas o acordo histórico alcançado entre Washington e os talibãs, em fevereiro do ano passado, em Doha.
Os aliados da NATO também retirarão os seus quase 7.000 soldados a partir de 1 de maio.
Portugal tem 175 militares destacados no Afeganistão, em missão da NATO, que devem iniciar a retirada daquele teatro de operações em junho, segundo anunciou o Governo num comunicado dos ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
"Portugal ajustará, de forma coordenada com os aliados, o dimensionamento da sua participação, tendo decidido manter a presença da Força de Reação Rápida nacional na proteção do Aeroporto Internacional em Cabul até final de maio, e continuar a contribuir com elementos de Estado-Maior nas estruturas de comando da missão até final da missão "Resolute Support" (Apoio Enérgico), continuando igualmente a contribuir anualmente para o fundo de apoio ao exército nacional e continuando igualmente a contribuir anualmente para o fundo de apoio ao exército nacional afegão até 2024", referiu o comunicado.
As forças afegãs são atualmente responsáveis por 96% das operações contra os talibãs e o Governo afegão garantiu que seus 350 mil polícias e soldados são capazes de defender, por conta própria, o país dos talibãs.