Na contagem decrescente para a celebração do Dia Mundial da Criança, a Rede Europeia de Luta contra a Pobreza (EAPN) alerta para a necessidade de se investir “na prevenção ao nível da saúde e da educação”.
Em entrevista à Renascença, Fátima Veiga, sociologia e responsável pelo gabinete de investigação e projetos da EAPN admite que os indicadores deste ano em relação à pobreza infantil “possam ser mais negativos por força da pandemia, e da crise financeira”.
De acordo com esta especialista na área da pobreza infantil, em 2020 “o risco de pobreza nos menores de 18 anos era de 20,4%, ou seja, uma em cada quatro criança eram pobres”. Os números baixaram em 2021 para os 18,5%, mas a descida "muito provavelmente tem a ver com os apoios que o Estado foi realizando junto das famílias por via sobretudo do abono de família".
Fátima Veiga diz que a redução “não é significativa” e que ocorre “num período que não envolve ainda a guerra, a crise inflacionária e os aumentos do custo da energia e dos bens alimentares”. Neste contexto, Fátima Veiga admite que "os dados deste ano serão provavelmente piores".
A especialista em pobreza infantil defende que é necessário “investir na prevenção ao nível da saúde e da educação, e numa política de distribuição de rendimentos mais igualitária porque a pandemia provou-nos que as crianças nas escolas não estão todas ao mesmo nível”. “Até podem ter um computador, mas podem não ter luz em casa, ou um quarto para estudar ou uma divisão sem barulho”, esclarece.
Fátima Veiga sublinha que todas estas diferenças são prejudiciais “ao normal desenvolvimento da criança”, pelo que é decisivo “apostar em políticas que possam travar o círculo da pobreza”.