O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Santos, disse hoje que não houve qualquer evolução negocial do Governo em relação à última reunião, ocorrida na semana passada, sobre a tabela remuneratória das forças de segurança.
"Só não saí desiludido, porque já estava a contar com isto. (...) Não foi nada acrescentado, apenas foi perguntado se havia espaço para mais alguma evolução relativamente àquilo que tinha sido a proposta do Governo e foi dito que não", indicou Paulo Santos, em declarações à agência Lusa.
O dirigente sindical falava esta noite após uma reunião suplementar com o Ministério da Administração Interna, proposta pelo Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL).
"Estivemos a conversar um pouco, mas depois não houve qualquer disponibilidade do Governo de evoluir, em relação àquilo que tinha sido apresentado nas outras reuniões. A estrutura sindical também não teve mais dados para colocar em cima da mesa", observou.
Questionado sobre a manifestação nacional de polícias agendada para as 17:00 de quinta-feira em Lisboa, o dirigente sindical lembrou que há "um conjunto de matérias que não são só remuneratórias".
"A questão remuneratória é o que está na base daquilo que é a falta da atratividade da profissão. (...) A manifestação de amanhã [quinta-feira] não tem só a ver com tabelas salariais, tem a ver também com outras questões importantes, desde a pré-aposentação, envelhecimento do efetivo, o trabalho suplementar, a falta de higiene e segurança no trabalho e o suplemento de risco", salientou. .
O sindicalista disse ter sido entregue em 14 de novembro uma contraproposta apresentada pelo Governo quanto às tabelas salariais, mas as reivindicações não foram atendidas por José Luís Carneiro.
"O senhor ministro o que nos disse foi que não há nada para acrescentar. Aquilo que vai acontecer em 2023 foi o que foi entregue aos sindicatos", lamentou Paulo Santos.
Segundo o dirigente sindical, o que foi apresentado foi o proposto "na fase inicial", censurando o ministro por não ter demonstrado "qualquer flexibilidade, nem tão pouco aceitar uma ou outra proposta do que foi entregue pelos sindicatos".
Segundo a proposta do MAI, haverá um aumento salarial na base da carreira dos agentes da PSP e guardas da GNR na ordem dos 100 euros, que varia entre os 90 e os 107 euros, e depois a partir daí em todos os níveis remuneratórios haverá um aumento médio de 50 euros até aos 2.700 de remuneração. Acima dos 2.700 euros há um aumento de 2%, o que significa variações entre os 60 e 100 euros.
O Ministro da Administração Interna garantiu, num comunicado divulgado após a reunião anterior, no âmbito do Orçamento do Estado, que os polícias vão ter "ganhos reais em todos os escalões e níveis remuneratórios, mesmo depois dos descontos para o IRS".