O interrogatório de Cunha Ribeiro, ex-presidente do INEM que foi detido na terça-feira, foi interrompido, devendo ser retomado na quinta-feira, disse à agência Lusa fonte ligada ao processo.
O interrogatório tinha começado por volta das 19h00 de quarta-feira, depois de o advogado ter consultado os autos do processo sobre o negócio com plasma.
Segundo a mesma fonte, o advogado de Luís Cunha Ribeiro, José Lobo Moutinho, esteve a consultar os autos do processo antes de a juíza de instrução criminal Cláudia Pina dar início ao interrogatório, com a identificação do arguido, e de lhe perguntar se quer prestar declarações.
Quatro arguidos, incluindo o ex-presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e do INEM, que está detido, constituem o balanço da investigação sobre o negócio do plasma sanguíneo.
Luis Cunha Ribeiro foi detido na terça-feira, no decorrer da investigação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ e do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, que investiga factos susceptíveis de se enquadrarem na prática de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem e branqueamento de capitais.
Foram realizadas mais de 30 buscas em estabelecimentos oficiais relacionados com a saúde, incluindo o Ministério e o INEM, duas buscas em escritórios e locais de trabalho de advogados e outras em território suíço.
"No inquérito investigam-se suspeitas de obtenção, por parte de uma empresa de produtos farmacêuticos, de uma posição de monopólio no fornecimento de plasma humano inactivado e de uma posição de domínio no fornecimento de hemoderivados a diversas instituições e serviços que integram o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", referiu a nota da PGR.
Para o efeito, "um representante da referida empresa de produtos farmacêuticos e um funcionário com relevantes funções no âmbito de procedimentos concursais públicos nesta área da saúde terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a empresa do primeiro", acrescentou.
Os factos em investigação ocorreram entre 1999 e 2015 e os suspeitos terão obtido vantagens económicas que procuraram ocultar, em determinadas ocasiões com a ajuda de terceiros.
Paulo Lalanda de Castro apresentou ao Conselho de Administração da Octapharma a demissão de todas as funções que desempenha na empresa, anunciou, em comunicado, a farmacêutica. Segundo a Octapharma, a demissão, que já foi aceite, foi apresentada na sequência de uma investigação relacionada com o negócio do plasma, que envolve a farmacêutica, que foi alvo de buscas.