Os agricultores portugueses estão a preparar-se para protestos "com uma massa nacional muito grande", semelhante ao que se vive em França e pelo resto da Europa.
A possibilidade é admitida por várias personalidades do setor, que são unânimes na necessidade de protestos e da falta de condições para os produtores.
À Renascença, Ricardo Cabral, um empresário agrícola de Évora, diz que é "mais de ponto assente que vai haver um movimento nacional" e que o setor está perante "uma linha vermelha máxima".
"Neste momento, na agricultura nacional, sem ajudas à produção e com o nível de impostos, é tecnicamente impossível de ser agricultor em Portugal", explica.
Ricardo Cabral aponta que muitos agricultores "estão completamente descapitalizados" e o setor atravessa "a maior crise de gestão de sempre".
A Associação de Agricultores do Baixo Alentejo concorda que há "um descontentamento generalizado", de norte a sul do país. Francisco Palma refere que muitos apoios ao setor diminuíram até 50%, em relação ao ano passado.
O representante do setor indica que há produções agrícolas em risco e que "todos os dias", há muitas pessoas a declarar falência.
"As pessoas estão a organizar-se e o protesto irá fazer-se sentir brevemente", avisa.
Os agricultores dizem que as verbas da Política Agricola Comum estão ser mal distribuídas. Queixam-se de cortes nas ajudas à perda de rendimentos, para que os preços para o consumidor não sofram alterações significativas.
Um cenário, igualmente, confirmado pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Merina, que também admite a possibilidade de se realizarem manifestações como aquelas que afetam outros países da Europa.
"Pelos vistos as coisas não vão lá de outra maneira", considera o representante Tiago Perloiro.