"Saúde Aberta" vai estar em Portalegre, onde há 20 mil utentes sem médico de família
23-10-2023 - 08:06
 • Anabela Góis , Olímpia Mairos

Presidente da Câmara de Portalegre vai aproveitar a presença do ministro da Saúde no distrito para dizer que no interior não há alternativa: não há, sequer, hospitais privados. As pessoas sentem-se abandonadas.

A iniciativa "Saúde Aberta", do Ministério da Saúde, vai estar esta segunda-feira ao distrito de Portalegre.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e os seus dois secretários de Estado, Margarida Tavares e Ricardo Mestre, vão percorrer os concelhos do Norte Alentejano para conhecer as unidades e investimentos em curso e dialogar com a população, profissionais de saúde, órgãos dirigentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e autarcas.

No distrito de Portalegre, há 20 mil utentes sem médico de família. No concelho de Sousel, por exemplo, só há um médico.

À Renascença, a presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Fermelinda Carvalho diz que até tem sido feito investimento em infraestruturas, mas faltam profissionais se saúde.

“Nos últimos anos, tem-se investido alguma coisa em novas instalações ou na melhoria das existentes, mas a verdade é que o maior problema reside em profissionais de saúde, portanto, na falta deles”, sinaliza.

Um problema que - segundo a autarca - se verifica não só hospital de Portalegre, mas também em todos os centros de saúde, recordando que o concelho tem uma “população muito envelhecida” e que, por isso, “é sempre muito difícil conseguirmos uma resposta adequada e que as pessoas merecem e necessitam”.

A autarca social-democrata fala do caso concreto do hospital de Portalegre. Diz que o fecho das urgências é bater no fundo.

“A nível do hospital, também há uma série de especialidades que o hospital não tem, ou que tem muita dificuldade de tempos a tempos em ter, o que leva a que muitos doentes que se dirigem às urgências tenham que ser encaminhados para Évora ou mesmo para Lisboa”, diz.

O encerramento recente das urgências do hospital, devido à recusa dos médicos em fazerem mais horas extra, é para a autarca “bater no fundo”, recordando que o hospital mais próximo fica em Elvas e implica uma deslocação de “45 minutos e com uma estrada que também não é muito boa” e a outra alternativa é “ir para Évora, que fica a cento e tal quilómetros”.

Por isso, Fermelinda Carvalho vai dizer, esta segunda-feira, ao ministro da Saúde que no interior não há alternativa - nem sequer há hospitais privados - e que se sentem votados ao abandono.

Esta é a quinta edição desta iniciativa do Ministério da Saúde, que visa conhecer os projetos em curso e identificar necessidades. A Saúde Aberta tem um carácter periódico e visitará todos os distritos do país.