Desde 1990 até agora, o Presidente brasileiro, os seus três filhos mais velhos, a sua mãe, cinco irmãos seus e duas ex-mulheres compraram 107 imóveis, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília, sendo que, pelo menos 51, foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, noticiou o jornal UOL.
Segundo esta publicação, os pagamentos "em moeda corrente nacional", ao valor de hoje, correspondem a mais de 25 milhões de reais (cerca de cinco milhões de euros).
Não foi possível à reportagem em causa saber a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram dois milhões de reais (400 mil euros) porque esta informação não consta nos documentos de compra e venda. Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando 18 milhões de reais (3,5 milhões de euros).
Durante uma ação de campanha, em Brasília, Jair Bolsonaro foi questionado sobre a reportagem e respondeu com uma pergunta: "Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria... Qual é o problema?".
Do total dos imóveis, comprados com ou sem dinheiro vivo, 25 suscitaram investigações do Ministério Público do Rio de e do Distrito Federal por envolvimento no caso das "rachadinhas", o desvio do salário dos funcionários protagonizado por Bolsonaro e família.
Para a elaboração da reportagem, o UOL consultou 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de imóveis e registos de escritura em 16 municípios, 14 deles no estado de São Paulo. Percorreu 12 cidades para conferir moradas e o destino dado aos imóveis, além de consultar processos judiciais.
O levantamento considera o património construído no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo presidente, os seus três filhos mais velhos, cinco irmãos, duas ex-mulheres e até a mãe de Bolsonaro, dona Olinda, falecida em janeiro deste ano. Aos 94 anos, ela teve os dois únicos imóveis adquiridos em seu nome comprados em espécie, em 2008 e 2009, em Miracatu, no interior de São Paulo.
A notícia surge em plena campanha eleitoral, na qual Bolsonaro procura uma reeleição. As sondagens de intenção de voto colocam Lula como favorito para vencer as eleições presidenciais, com cerca de 45% das intenções de voto, face a 30% de Bolsonaro, 7% de Gomes, enquanto nenhum dos outros quatro candidatos ultrapassam os 2%.
A eleição presidencial tem a primeira volta marcada para 2 de outubro e a segunda volta, caso seja necessária, a 30 do mesmo mês.