A Unicef denunciou, este domingo, as condições de centenas de crianças detidas na prisão para prisioneiros do Estado Islâmico (IS), no nordeste da Síria, palco de um motim sangrento em janeiro, no qual algumas delas ficaram feridas.
"Apesar de agora dispor de alguns serviços básicos, a situação destas crianças é incrivelmente precária", disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), numa declaração, após ter obtido acesso a algumas delas na prisão de Geweran, localizada na zona curda, fora do controlo de Damasco.
A agência da ONU reconheceu "os esforços das autoridades locais para estabilizar a situação dentro e fora da prisão" após o motim e para "cuidar e proteger" estes menores, mas referiu que eles "nunca deveriam ter estado lá, em primeiro lugar".
"As crianças nunca devem ser detidas por associação com grupos armados", mas sim serem "tratadas como vítimas de um conflito", sublinhou.
As Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança armada liderada pelos curdos, encarregada da segurança nestes territórios e da repressão do motim, afirmaram que cerca de 700 destas crianças, conhecidas como as "crias do califado", foram mantidas numa secção especial longe dos outros reclusos, mas foram utilizadas como escudos humanos pelos desordeiros.
A FDS afirmou, numa declaração, que a Unicef foi a primeira organização a ter acesso à prisão e, em particular, às instalações onde os "adolescentes filiados no EI" se encontravam detidos, cujas instalações a delegação humanitária pôde "inspecionar”.
Juliette Touma, chefe de Advocacia e Comunicação da Unicef no Médio Oriente, explicou hoje à agência Efe que não pôde confirmar que os menores tinham sido utilizados como escudos humanos ou o destino que possam ter sofrido.
Confirmou que alguns ficaram feridos durante os confrontos, sem poder especificar o seu número, e que muitos ficaram traumatizados pela violência que testemunharam durante os dias de tumultos e confrontos.
Adiantou que receberam relatos de que pelo menos três morreram, embora não tenham conseguido confirmar essas mortes.
Touma disse que algumas das crianças de Geweran "estão naquela prisão há pelo menos três anos" e que há muitos sírios e, em menor medida, iraquianos, mas também cerca de 20 de outras nacionalidades.
Por este motivo, a Unicef exigiu que fossem transferidos para instituições especializadas no cuidado de menores e que os países a que pertencem os repatriassem com urgência.