O tempo de recuperação do ataque informático ao Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram), ocorrido no domingo, será "prolongado", indicou hoje o Serviço de Cibersegurança do Governo Regional, apelando aos utentes para tomarem "cuidados redobrados" no acesso à informação.
"Prevê-se que o tempo de recuperação seja prolongado. Não conseguimos, nesta fase, dar um prazo expectável, mas não é algo que se resolva num dia", disse Nuno Perry, responsável pelo Serviço de Cibersegurança do executivo madeirense, adiantando que "o processo técnico de investigação é lento".
Falando em conferência de imprensa, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, Nuno Perry disse que "não foi pedido nenhum resgate" na sequência do ataque que provocou uma "disfunção na rede informática" do Serviço de Saúde da Madeira, afetando os hospitais e centros de saúde do arquipélago, embora haja uma reivindicação da autoria.
"Há uma reivindicação do ataque, mas cabe agora aos órgãos de investigação criminal aferir da veracidade dessa alegação, porque muitas vezes temos situações que não são claras nesse domínio", disse o responsável, vincando que para os "serviços de cibersegurança o foco não é a investigação criminal", embora todos os indícios tenham sido preservados e disponibilizados à Polícia Judiciária.
Nuno Perry explicou que, apesar do ataque, tudo aponta que os dados clínicos dos utentes "estão preservados e não foram comprometidos", ao passo que os dados não clínicos "podem ter sido comprometidos", nomeadamente ao nível de números de identificação pessoal.
Nuno Perry lançou também um alerta à população para que seja "cuidadosa no acesso à informação" e tome "cuidados redobrados" com eventuais e-mails e sms com origem no Sesaram.
Apesar de ter sido montado um "site" provisório com a informação oficial, o responsável adverte para a possibilidade de "poderem estar a ser desenvolvidas algumas operações de tentativa de obtenção privilegiada de informação dos utilizadores".
Na mesma conferência de imprensa, a vice-presidente da administração do Sesaram, Filipa Freitas, explicou que o ciberataque foi sinalizado no domingo, às 08:11, e logo de seguida foi acionado o plano de contingência, com a comunicação ao Centro Nacional de Cibersegurança, à Comissão Nacional de Proteção de Dados e aos órgãos de polícia criminal.
"De imediato, os serviços de informática do Sesaram, em conjunto com os Serviços de Cibersegurança do Governo Regional da Madeira, tomaram as medidas técnicas para que conter esta situação, o que foi conseguido", afirmou, vincando que foi criada uma rede alternativa de reposição do sistema e acionado o processo de registos em papel.
"Quanto ao funcionamento do Hospital [Dr. Nélio Mendonça] no dia de hoje, temos um bloco operatório que não ficou com nenhuma cirurgia urgente por realizar, temos três salas em pleno, inclusive estão a decorrer cirurgias não urgentes", explicou.
De acordo com a vice-presidente do Sesaram, a farmácia retomou o "processo em papel" e está a funcionar normalmente, o mesmo acontecendo com os tratamentos de diálise e de oncologia e hemato-oncologia, com exceção de consultas de acompanhamento e análises de rotina, que estão a ser reajustadas para momentos posteriores.
O horário de funcionamento dos centros de saúde mantém-se o mesmo, mas foram disponibilizados números de telefone provisórios devido aos "constrangimentos nas ligações telefónicas".
Filipa Freitas sublinhou que "tudo está a ser feito para ser retomada a normalidade" na terça-feira e remeteu mais informações para um comunicado que será divulgado no final do dia de hoje.