O primeiro-ministro português defende que é preciso fazer tudo para evitar uma saída desordenada do Reino Unido da União Europeia, depois de o Parlamento britânico ter chumbado o acordo de "divórcio". "O interesse comum é que haja um acordo rápido", afirma António Costa.
“São pequenos grandes exemplos da enorme dificuldade que a saída descontrolada do Reino Unido teria para o funcionamento da economia à escala europeia e global. Temos que fazer tudo para que haja um acordo e tenho esperança que os que votaram hoje contra este acordo, amanhã sejam capazes de dizer à União Europeia qual é a alternativa que têm para pôr em cima da mesa”, afirmou António Costa.
Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, o primeiro-ministro adverte que uma “saída descontrolada no dia 29 de março seria péssima para todos”.
“Há uma verdadeira coligação negativa, com motivações diversas que levam a um voto contra, e não há uma maioria que diga que o acordo que nós desejamos é este. Isto é preocupante porque estamos na fase mais fácil desta negociação, que é o acordo de saída. A fase verdadeiramente difícil é a que vem a seguir: escolher qual é o modelo da próxima relação entre a União Europeia e o Reino Unido”, sublinha.
De acordo com António Costa, cabe agora ao Reino Unido dizer à UE o que pretende fazer.
Quinta-feira são conhecidos novos detalhes do plano de contingência do Brexit. Desde já, o primeiro-ministro garante que os cidadãos britânicos residentes em Portugal podem continuar no país "com total segurança e estabilidade" e será criado um "mecanismo ágil" de entrada para os turistas britânicos nos aeroportos.
"Teremos que encontrar mecanismos de agilização dos mecanismos alfandegários sem que isso signifique uma quebra das cadeias de fornecimento das empresas portuguesas que importam do Reino Unido e das exportações portuguesas. Isso é particularmente crítico, porque há uma dependência mutua", afirma António Costa, que dá o exemplo da indústria automóvel.
Os deputados britânicos chumbaram esta terça-feira o acordo para uma saída ordenada alcançado entre o Reino Unido e a União Europeia.
Um total de 432 parlamentares votaram contra o entendimento. Apenas 202 pronunciaram-se favoravelmente.
Foi a maior derrota parlamentar para um primeiro-ministro britânico na era moderna, por 230 votos de diferença.