Já chegaram cerca de 350 menores ucranianos ao país sem pais ou representantes legais, dos quais 16 completamente sozinhos. A diretora-executiva da UNICEF Portugal diz que a prioridade deve ser o acolhimento familiar e não a institucionalização de menores ucranianos.
"Crescer numa família não tem nada a ver com crescer num acolhimento residencial, por mais pequeno que ele seja, muito menos numa instituição grande. Portanto, aqui, o privilegiar da família como núcleo central e preferencial de acolhimento destas crianças, sempre na esperança de poder haver algum tipo de reunificação familiar, que isso nunca perdemos perder", salienta.
Em declarações à Renascença, Beatriz Imperatori diz acreditar que está a ser dada a melhor resposta a estes menores, mas sublinha ser necessário precisar a informação de todos os que entram.
A responsável revela que as crianças que entram no território “têm vindo a ser registadas junto do Serviço de Estrageiros e Fronteiras, que tem, de facto, tomado todas as medidas fundamentais necessárias nestas situações”.
Crianças não podem ser adotadas
Beatriz Imperatori lembra que as crianças que saem de um país em guerra "não podem ser adotadas". Medida que existe para acautelar quaisquer incentivos de "retirar as crianças de ambientes vulneráveis de guerra dos seus pais para serem entregues para adoção a outros pais".
"Portanto, as crianças ucranianas, neste momento, não podem ser adotadas. Podem ser acolhidas, mas deve sempre ser feita uma tentativa de reunificação familiar, seja ela a que nível for. Podem o pai ou a mãe ter morrido, ou podem o pai ou a mãe não ter condições para as acolher, mas, no espectro da família mais alargada, poderão existir condições. Isso é sempre preferível para uma criança", explica.
Segundo o SEF, ainda não foram detetados, até agora, quaisquer indícios relativos à prática de atividades ilícitas relacionadas com os crimes de tráfico de pessoas ou de auxílio à imigração ilegal por parte de cidadãos ou empresas que têm estado a prestar apoio a cidadãos ucranianos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia. A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.